Dicastério da Causa dos Santos é o penúltimo visitado pelos Bispos do Leste 1

outubro 7, 2022 / no comments

Dicastério da Causa dos Santos é o penúltimo visitado pelos Bispos do Leste 1

 

 

Prosseguindo com os trabalhos do último dia da Visita Ad Limina Apostolorum, o episcopado do Estado do Rio de Janeiro, reuniu-se, no Dicastério da Causa dos Santos, às 11h15 (horário de Roma), 6h15 (horário de Brasília), cujo Prefeito é o Cardeal Marcello Semeraro. Este foi o penúltimo compromisso em Dicastérios da Cúria Romana desta Visita Ad Limina, tendo como relator Dom Tarcisio Nascentes, Bispo de Duque de Caxias e Secretário do Regional Leste 1 da CNBB.

Saudando com alegria Vossa Eminência e a todos os que integram este Dicastério, Dom Tarcisio agradeceu a generosa dedicação ao Romano Pontífice e às nossas Igrejas Particulares no que concerne às causas de beatificação e canonização. O bispo relator enfatizou que “tendo presente ser a santidade o horizonte de todo o caminho pastoral, expressamos a solicitude de nossas Igrejas Particulares em acolher os apelos pontifícios inerentes à consideração da Igreja e os seus santos”.

Dom Tarcisio ressaltou que as considerações de São João Paulo II e do Papa Francisco sobre a santidade balizam este regional, reforçando que as reflexões de São João Paulo II, em NMI 30 e 31, ressoam fortemente em nossas Igrejas Particulares.

– Na Carta Apostólica Tertio Millennio Adveniente, dirigida ao episcopado, ao clero e aos fiéis, São João Paulo II orientou a Igreja em sua preparação para o grande jubileu do ano 2000. Este Jubileu, que marcou vivamente o início deste nosso terceiro milênio, desenhava-se – na mente e no coração de São João Paulo II – como uma grande oração de louvor e agradecimento: – sobretudo pelo dom da Encarnação do Filho de Deus e da Redenção por Ele operada; – pelo dom da Igreja; – pelos frutos de santidade na vida de tantos homens e mulheres.

O prelado frisou que dar graças pelos frutos de santidade na vida de tantos homens e mulheres nos impele a “fazer a memória de nossos mártires e santos e a introduzir, sob a orientação deste Dicastério, causas de beatificação e canonização, manifestando também assim a vivacidade de nossas Igrejas locais”.

Falou ainda a respeito dos processos de canonização, no contexto do Leste 1, explicando que estes estão todos concentrados na Arquidiocese do Rio de Janeiro e são os seguintes: – Odette Vidal Cardoso (Odetinha); – Guido Vidal França Schäffer; – o casal Zélia Pedreira Abreu Magalhães e Jerônimo de Castro Abreu Magalhães; – Madre Maria José de Jesus; e Frei Nemésio Bernardi.

Concluindo sua explanação, Dom Tarcisio recordou que “o forte apelo do Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, impele-nos e às nossas Igreja a «fazer ressoar mais uma vez o chamado à santidade, procurando encarná-la no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o Senhor escolheu cada um de nós ‘para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor’ (cf. Ef 1, 4)”.

Sobre o Dicastério da Causa dos Santos

Conforme explica o Vaticano, o Papa Sixto V criou a Sagrada Congregação dos Ritos e lhe confiou a tarefa de regular o exercício do culto divino e de estudar as causas dos santos, por meio da Constituição “Immensa Aeterni Dei” do dia 22 de janeiro de 1588. Paulo VI, com a Constituição Apostólica “Sacra Rituum Congregatio” do 8 de maio de 1969, dividiu a Congregação dos Ritos, criando assim duas Congregações, uma para o Culto Divino e outra para as Causas dos Santos.

Com a mesma Constituição de 1969, a nova Congregação para as Causas dos Santos teve a sua própria estrutura, organizada em três departamentos: o Judicial, o do Promotor Geral da Fé e o histórico-jurídico, que é a continuação da Secção Histórica criada pelo Papa Pio XI no dia 6 de fevereiro de 1930.

Veja a seguir a reportagem de Luciana Martins e Paulo Junior para a Rede Vida sobre este compromisso.

 

Imagens e Vídeos: Luciana Martins e Paulo Junior (Rede Vida)

Colaboração: Grasiele Guimarães (Diocese de Nova Friburgo)

Os santos estão entre nós

novembro 10, 2019 / no comments

O mês de novembro, além da celebração dos fiéis falecidos, lembra também todos os santos. Faz-se festa na terra por todos aqueles que alcançaram a meta da perfeição de Deus, a santidade.

Quando se fala de santidade, costuma-se ter uma ideia de perfeição moral. O santo é visto muitas vezes como uma pessoa irrepreensível, de quem não se pode falar nada em contra. Lembro-me ter lido anos atrás um livro com um título muito sugestivo: “Os defeitos dos santos”. Quem sabe alguém pode se pasmar, mas os santos também tinham os seus defeitos, seus equívocos. No entanto, eram pessoas que não desanimavam diante dos obstáculos, nem mesmo quando se tratava de suas imperfeições pessoais. Certa vez ouvi uma definição de santo que é bem justa: um pecador que não desiste de lutar.

Por outro lado, os santos fazem parte com muita frequência da nossa experiência. Nós os recordamos e invocamos nas diversas necessidades, gostamos de ouvir as histórias de suas vidas e as canonizações de pessoas que foram nossas contemporâneas nos dão a ideia de uma proximidade maior do que antes. Temos assistido canonizações de homens e mulheres com os quais muitas pessoas que ainda vivem, conheceram e conviveram.

Uma das grandes redescobertas do Concílio Vaticano II foi o chamado universal à santidade, ou seja, que todos pela força do Batismo, podem alcançar aquela perfeição do amor a Deus e ao próximo que está no coração do Evangelho. Esta perfeição é mais de Deus do que nossa, por isso os santos são transparência da ação de Deus na vida do mundo. A santidade não é privilégio de uma elite, mas está ao alcance de todos pela ação da graça divina, que opera no coração das mulheres e dos homens e também pela decidida correspondência de cada pessoa à ação divina. Ela se mostra “no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir” (Francisco, Gaudete et exultate, n. 7). Com essas palavras do Papa Francisco vemos que a santidade tem a ver com a vida cotidiana.

Uma certo tipo de iconografia dos santos representaram-nos modo a causar a impressão de que a santidade não tem a ver com as realidades desse nosso mundo, que é coisa de gente muito especial. Nada mais falso do que isso. Ser santo é uma realidade que se realiza a partir daquilo que se vive na existência simples do dia a dia. Um dos grandes pregadores da mensagem da vocação universal à santidade no século XX dizia que “Deus nos espera cada dia: no laboratório, na sala de operações de um hospital, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no seio do lar e em todo o imenso panorama do trabalho. Não esqueçamos nunca: há algo de santo, de divino, escondido nas situações mais comuns, algo que a cada um de nós compete descobrir.” (São Josemaria Escrivá).

Os santos são as melhores testemunhas da atualidade do Evangelho, pois suas vidas são Evangelho vivido no contexto das atuais circunstâncias. Eles e elas conseguiram traduzir no modo de ser, falar, pensar, agir, a mente de Cristo e, sobretudo, o seu amor. Por meio deles a pregação do Evangelho é mais eficiente e capaz de tocar em profundidade a vida das pessoas.

Os que conviveram com os santos, mesmo sem saber que eles eram santos, testemunham que estiveram diante de alguém cuja humanidade era única. E de fato é assim, pois na humanidade dos santos se toca a humanidade de Cristo e isso é sempre surpreendente e capaz de transformar a vida, dando-lhe sentido novo, sentido autêntico.

 

Artigo de dom Gilson Andrada da Silva, bispo de Nova Iguaçu (RJ)