Propostas de novos caminhos para a Pastoral Juvenil

abril 5, 2019 / no comments

Propostas de novos caminhos para a Pastoral Juvenil

 

Recebemos com muita alegria, no dia 2 de abril, a Exortação Apostólica Christus vivitCristo vive, do Papa Francisco. Deixando-se “inspirar pela riqueza das reflexões e diálogos do Sínodo do ano passado” (n. 4), o Papa nos oferece o fruto de uma escuta demorada e ampla sobre um tema que nunca deve sair do coração da Igreja, pois “sem o rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada” (Bento XVI). Este rosto reflete a verdadeira juventude que lhe é dada pelo Cristo, eternamente jovem, como é apresentado no 2º capítulo, e Aquele que pode iluminar com sua vida os jovens do nosso tempo, pois nele “é possível reconhecer muitos traços dos corações jovens” (n. 31).

A Exortação bebe abundantemente do tesouro da Escritura, servindo-se de tantos rostos jovens do Antigo e Novo Testamentos para, a partir do olhar de Deus, dizer uma palavra válida para o hoje da juventude. Os jovens da Bíblia, em sua busca e encontro com Deus, podem inspirar-nos horizontes novos diante das estreitezas de olhares que tentam nos seduzir com respostas simplistas e pessimistas.

A grande alavanca que se oferece aos jovens para levantar um mundo novo está no coração do anúncio evangélico: o querigma (o 1º anúncio). Há anos os últimos Papas têm lembrado a centralidade desse primeiro e primordial anúncio que nunca deve ser dado por já realizado e já acolhido em profundidade. Francisco insiste em que “seria um erro grave pensar que, na pastoral juvenil, ‘o querigma fosse deixado de lado em favor de uma formação supostamente mais “sólida”. Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio. Toda a formação cristã é, primariamente, o aprofundamento do querigma que se vai, cada vez mais e melhor, fazendo carne» (n. 214).

O próprio Papa anuncia aos jovens e a todos “o mais importante, as coisas primeiras, aquilo que nunca se deveria silenciar[…], três grandes verdades que todos nós precisamos escutar sempre de novo” (n. 111): Deus te ama! Cristo te salva! Ele vive!

Nessas três afirmações diretas e claras encontram-se as bases da autêntica experiência cristã, marcada pelo encontro com Cristo. Desse modo, se sugere que o aprofundamento do 1º anúncio  seja um dos eixos principais do percurso de crescimento pensado para os jovens, como experiência fundante do encontro com Deus através de Cristo morto e ressuscitado e o outro eixo, o crescimento no amor fraterno, na vida comunitária, no serviço (n. 213).

O núcleo do anúncio evangélico traz consigo a força de tocar os corações e transformar a vida. É verdade que junto com o anúncio exige-se também o testemunho coerente com a vida nova recebida de Cristo.

Como lembra o Papa, hoje precisamos encontrar propostas que libertem a pastoral juvenil daqueles “esquemas que já não são eficazes, porque não entram em diálogo com a cultura atual dos jovens” (n. 208). O Santo Padre pede, inclusive, que se tenha a coragem de confrontar as várias experiências nesse campo e recolher o que foi bom, o que deu certo, sem medo nem preconceitos: “metodologias, linguagens, motivações que se revelaram realmente atraentes para aproximar os jovens de Cristo e da Igreja. Não importa a cor delas: se são «conservadoras ou progressistas», se são «de direita ou de esquerda». O importante é recolher tudo aquilo que deu bons resultados e seja eficaz para comunicar a alegria do Evangelho” (n. 105).

Sobre modos concretos, o Papa confia na capacidade dos jovens de se tornarem protagonistas da evangelização dos outros jovens e destaca que “os próprios jovens são agentes da pastoral juvenil, acompanhados e orientados mas livres para encontrar caminhos sempre novos, com criatividade e ousadia[…] Trata-se de colocar em campo a sagacidade, o engenho e o conhecimento que os próprios jovens têm da sensibilidade, linguagem e problemáticas dos outros jovens” (n. 203).

 

Imagem: POM

Documento do Papa aos jovens: Deus os ama e a Igreja necessita da juventude

abril 3, 2019 / no comments

Documento do Papa aos jovens: Deus os ama e a Igreja necessita da juventude

O documento é composto por nove capítulos divididos em 299 parágrafos. O Papa explica que se deixou “inspirar pela riqueza das reflexões e diálogos do Sínodo dos jovens”, celebrado no Vaticano em outubro de 2018.

 

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Cidade do Vaticano

“Cristo vive: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida. Por isso as primeiras palavras, que quero dirigir a cada jovem cristão, são estas: Ele vive e quer-te vivo!”

Assim começa a Exortação Apostólica pós-sinodal “Christus vivit” do Papa Francisco, assinada segunda-feira, 25 de março, na Santa Casa de Loreto, e dirigida “aos jovens e a todo o povo de Deus”.

No documento, composto por nove capítulos divididos em 299 parágrafos, o Papa explica que se deixou “inspirar pela riqueza das reflexões e diálogos do Sínodo dos jovens”, celebrado no Vaticano em outubro de 2018.

A vida de Cristo

Francisco aborda o tema dos primeiros anos de Jesus. Para ele, estes aspectos de Sua vida não deveriam ser ignorados na pastoral juvenil, “para não criar projetos que isolem os jovens da família e do mundo”.

O Pontífice retoma um de seus ensinamentos e explica que é necessário apresentar a figura de Jesus “de modo atraente e eficaz” e diz: “Por isso é necessário que a Igreja não esteja demasiado debruçada sobre si mesma, mas procure sobretudo refletir Jesus Cristo. Isto implica reconhecer humildemente que algumas coisas concretas devem mudar”.

Na Exortação, se reconhece que há jovens que sentem a presença da Igreja “como importuna e até mesmo irritante”. Há jovens que “reclamam uma Igreja que escute mais, que não passe o tempo a condenar o mundo. Não querem ver uma Igreja calada e tímida, mas tampouco desejam que esteja sempre em guerra por dois ou três assuntos que a obcecam”.

Sobre a realidade juvenil, o Papa recorda os jovens que vivem em contextos de guerra, explorados e vítimas de sequestros, criminalidade organizada, tráfico de seres humanos, escravidão e exploração sexual, estupros. “Não podemos ser uma Igreja que não chora à vista destes dramas dos seus filhos jovens. Não devemos jamais habituar-nos a isto”, escreve.

Acenando a “desejos, feridas e buscas”, Francisco fala da sexualidade: “num mundo que destaca excessivamente a sexualidade, é difícil manter uma boa relação com o próprio corpo e viver serenamente as relações afetivas”, mas lamenta que os jovens vejam na Igreja um espaço de julgamento e condenação.

A Exortação se detém em seguida sobre o tema do “ambiente digital”, que criou “uma nova maneira de comunicar”, mas é também um território de solidão, manipulação, exploração e violência. “A reputação das pessoas é comprometida através de processos sumários on-line. O fenômeno diz respeito também à Igreja e seus pastores.”

Migração, proteção dos menores, empenho social

Outro tema tocado pelo Pontífice são os migrantes e como os jovens estão diretamente envolvidos nas migrações. O Papa os alerta para a difusão de uma mentalidade xenófoba, contrapondo-os entre si.

O Papa fala também dos abusos sobre menores e expressa gratidão “a quantos têm a coragem de denunciar o mal sofrido”.

O abuso não é o único pecado dos membros da Igreja, recorda o Papa. Mas ela não recorre a cirurgias estéticas. “Lembremo-nos, porém, que não se abandona a Mãe quando está ferida.” Com a ajuda preciosa dos jovens, este momento pode ser uma oportunidade “para uma reforma de alcance histórico para se abrir a um novo Pentecostes”.

A todos os jovens, o Papa anuncia três grandes verdades. A primeira: “Deus que é amor”. A segunda: “Cristo salva-te”. A terceira verdade é que “Ele vive!”. Nestas verdades, aparece o Pai e aparece Jesus. E onde estão o Pai e Jesus, também está o Espírito Santo, escreve Francisco, aconselhando os jovens a invocarem todos os dias o Espírito Santo: “Não perdes nada e Ele pode mudar a tua vida”.

Francisco recorda ainda que a juventude não pode ser um “tempo suspenso”, porque é “a idade das escolhas”, por isso é importante buscar «um desenvolvimento espiritual. O Papa propõe “percursos de fraternidade” e a importância de ser jovens comprometidos, que buscam o bem comum.

“O empenho social e o contato direto com os pobres continuam a ser uma oportunidade fundamental para descobrir ou aprofundar a fé e para discernir a própria vocação”. Em outras palavras, os jovens são chamados a ser “missionários corajosos”.

Não poderia faltar a referência à “relação com os idosos”. Se “os jovens se enraizarem nos sonhos dos idosos, conseguem ver o futuro”. É preciso, portanto, “arriscar juntos”.

Pastoral juvenil

Um inteiro capítulo é dedicado à “Pastoral dos jovens”. A pastoral juvenil precisa de adquirir outra flexibilidade, explica, sendo um espaço onde não só recebam uma formação, mas lhes permitam também compartilhar a vida.

Serve “uma pastoral juvenil popular”, “mais ampla e flexível que estimula, nos distintos lugares onde se movem concretamente os jovens, as lideranças naturais e os carismas que o Espírito Santo já semeou entre eles”.

Outro ponto fundamental é o discernimento, seja para a vida familiar, seja para a consagração a Deus.

No que diz respeito ao trabalho, o Papa recorda que “é uma necessidade, faz parte do sentido da vida nesta terra, é caminho de maturação, desenvolvimento humano e realização pessoal”.

A Exortação se conclui com “um desejo” do Papa Francisco:

 

“ “Queridos jovens, ficarei feliz vendo-vos correr mais rápido do que os lentos e medrosos. Correi atraídos por aquele Rosto tão amado, que adoramos na sagrada Eucaristia e reconhecemos na carne do irmão que sofre…A Igreja precisa do vosso ímpeto, das vossas intuições, da vossa fé…E quando chegardes aonde nós ainda não chegamos, tende a paciência de esperar por nós”.”

 

Fonte: Vatican News (Edição Portuguesa)