Revista de Nova Iguaçu destaca atuação de Padre que transferiu o CENFI para Brasília

novembro 12, 2020 / no comments

REVISTA DE NOVA IGUAÇU DESTACA ATUAÇÃO DE PADRE QUE TRANSFERIU CENFI PARA BRASÍLIA

Padre Fernando Vandenabeele, missionário belga da Congregação do Imaculado Coração de Maria (CICM), faleceu no dia 20 de outubro, vítima  da Covid-19. Com atuação na Baixada Fluminense, exerceu grande parte de seu ministério na diocese de Nova Iguaçu (RJ) e foi homenageado na capa da revista diocesana “Caminhando”. Entre os feitos listados em sua biografia, a responsabilidade de transferir da cidade do Rio de Janeiro (RJ) para Brasília (DF) o Centro de Formação Intercultural (Cenfi), um dos serviços de apoio missionário que deu origem ao Centro Cultural Missionário (CCM).

Padre Fernando Vandenabeele | Foto: reprodução CNBB Leste 1

Natural de Bruxelas, na Bélgica, padre Fernando nasceu no dia 7 de novembro de 1937. Ainda jovem entrou para a congregação dos Missionários de Scheut, família religiosa fundada pelo Padre Theofiel Verbist em sua cidade natal, sendo ordenado presbítero em 6 de agosto de 1961. Chegou ao Brasil em 1963 e foi aluno da sexta turma do Cenfi, em 1965.

Em artigo publicado no site do Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Leste 1), o bispo de Nova Iguaçu e presidente do Regional, dom Gilson Andrade da Silva, afirmou que a capacidade pastoral, intelectual e humana de padre Fernando “despertou a atenção a nível de organismos missionários de âmbito nacional”. Assim, em fevereiro de 1976, ele assumiu o Centro de Formação Intercultural para estrangeiros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o Cenfi e, em 1979, foi encarregado de fazer a transferência do Rio para Brasília.

O CENFI

Este serviço aos missionários que chegam ao Brasil nasceu em 1960, em Anápolis (GO), fundado pelos Franciscanos Menores, por obra do norte-americano Fr. João Batista Vogel, sob impulso do famoso teólogo e sociólogo Mons. Ivan Illich, e de seus Centros de Formação Intercultural (CIF) de Fordham, nos EUA, e de Documentação Intercultural (Cidoc) de Cuernavaca, no México.

Objetivo dessa obra é:

  • promover, coordenar e executar medidas e providências destinadas a incrementar a aproximação cultural e a estreitar as relações humanas entre os povos do Continente americano;
  • organizar e manter em funcionamento estabelecimentos destinados ao estudo e a pesquisa da estrutura social e econômica do país, costumes e estilo de vida de seus grupos;
  • mobilizar equipes destinadas a cooperar, no país e no exterior;
  • proporcionar a estudantes, missionários, diplomatas e técnicos estrangeiros, conhecimento a respeito da língua, costumes e cultura do país.

Pensado inicialmente para a capacitação dos missionários franciscanos, o centro foi logo aberto a acolher religiosas e religiosos de outras congregações. Em 1962, o Cenfi foi transferido para Petrópolis (RJ), lugar considerado mais acessível à época. Naquele ano, obteve a aprovação de seus primeiros estatutos por uma Assembleia de Constituição da entidade presidida por Dom Hélder Câmara.

Em 1969, a CNBB e a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) passaram a integrar o Cenfi , participando de suas Assembleias Gerais. No ano seguinte, vista a pouca procura pelo Centro de Formação Intercultural, a Assembleia Geral decidiu transferir o Cenfi para São Paulo (SP).

Em 20 de janeiro de 1972, o Cenfi volta para o Rio de Janeiro, agora na capital fluminense. A seguir, neste mesmo ano, o Cenfi tornou-se um organismo vinculado à CNBB, indicado especialmente para o acolhimento de missionários estrangeiros. Na ocasião, também o Serviço de Cooperação Apostólica Internacional (Scai) começou a exercer suas atividades junto com o Cenfi.

Em 1977, decide-se pela transferência do Cenfi/Scai para Brasília, aí sob a responsabilidade de padre Fernando Vandenabeele. São abertas negociações com a Sociedade do Verbo Divino e com as Servas do Espírito Santo para a instalação do Centro. O organismo chega a Brasília em agosto de 1978, e começa a funcionar na Av. L 2 Norte – Quadra 609.

No entanto, desde a XV Assembleia Geral da CNBB, em 1977, aponta-se para a urgência de constituir um Centro Missionário que pudesse formar e acompanhar os missionários de maneira mais consistente. O projeto é retomado em 1979, na XVII Assembleia Geral, e efetivado em caráter experimental a partir de fevereiro de 1981. Em dezembro de 1982 é criado o Centro Cultural Missionário (CCM).

Missionários do Cenfi, em 1994, na sede da 601 Norte

Assim, CCM assumiu a antecedente junção entre o Centro de Formação Intercultural (Cenfi) e o Serviço de Colaboração Apostólica Internacional (Scai), e a mais recente criação do Centro de Animação e Estudos Missionários (Caem). Em 29 de dezembro de 1982, a Presidência e a Comissão Episcopal de Pastoral (CEP) da CNBB, constituídas em Assembleia do CENFI-SCAI, decidem de reunir num único Centro Cultural Missionário o CENFI-SCAI, sob forma de dois departamentos, e o CAEM, departamento para animação e estudos missionários. Foi neste mesmo ano que a sede do organismo recém-criado seguiu para um prédio cedido pela Companhia de Jesus às Pontifícias Obras Missionárias, na Av. L-2 Norte – Quadra 601. A nova sede, próxima à Esplanada dos Ministérios, oferecia melhores acomodações e melhores possibilidades para as atividades.

A partir de 1995, os cursos do Cenfi são realizados numa sede própria para o CCM, situada em Brasília na quadra 905 Norte, Conjunto “C”, num imóvel doado pela Congregação do Espírito Santo e reformado pela CNBB com a colaboração das Pontifícias Obras Missionárias. No local, mais recentemente (2017 a 2019), funcionou uma sede provisória da CNBB, durante a reforma da sede.

Neste ano, o CCM tornou-se uma filial vinculada à CNBB com a finalidade oferecer um percurso de iniciação à missão no Brasil para missionárias e missionários que chegam do exterior. A entidade promove cursos de formação missionária para brasileiras e brasileiros enviados a outra região ou país como missionários além-fronteiras. É seu papel também realizar eventos de estudo e aprofundamento sobre teologia, espiritualidade e prática de missão para diversos segmentos eclesiais e fomentar o surgimento e a capacitação específica de animadores missionários na Igreja no Brasil.

 

Fonte: CNBB

 

Pe. Fernando, pastor com cheiro das ovelhas

outubro 25, 2020 / no comments

Pe. Fernando, pastor com cheiro das ovelhas

Nesses últimos dias do mês missionário tivemos o pesar de sepultar um grande apóstolo dessas terras da Baixada Fluminense, o Pe. Fernando Vandenabeele. Missionário da Congregação do Imaculado Coração de Maria (CICM), de origem belga, iniciou a missão na Diocese de Nova Iguaçu, em maio de 1965, como pároco em Santa Maria (atualmente Belford Roxo). Homem preparado, fez seus estudos eclesiásticos na renomada Universidade de Lovaina e sociologia em Paris. Mas a bagagem acadêmica foi em muito superada pela sua grande humanidade que, pouco a pouco, se revelava no encontro e no cuidado que tinha com as pessoas.

Pelo seu dinamismo e preparo logo foi colocado à frente de vários outros serviços. Em abril de 1968, a pedido do bispo, assumiu a Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (CERIS) diocesano. Em 23 de dezembro de 1970, a pedido do bispo de Volta Redonda, D. Waldyr Calheiros, começa na Cidade do Aço amplo trabalho pastoral numa paróquia com 18 comunidades. Eram tempos de efervescência social grande no Brasil. O pároco do lugar tinha sido preso e Pe. Fernando foi para lá, junto com seus confrades CICM, para desempenhar uma missão nada fácil.

O Pe. Bernado, atual Pároco de Santo Elias, testemunha que “o trabalho em equipe deixou marcas profundas, como também o jeito do nosso amado coordenador Pe. Fernando.  Foram tempos fortes do Cursilho de Cristandade, de círculos bíblicos, formação de lideranças leigas nas Ceb´s sempre dentro das grandes linhas pastorais diocesanas do saudoso carismático bispo Dom Waldyr”.

Sua capacidade pastoral, intelectual e humana despertou a atenção a nível de organismos missionários de âmbito nacional. Assim, em fevereiro de 1976, ele assumiu o Centro de Formação para Agentes de Pastoral estrangeiros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o CENFI e, em 1979, foi encarregado de fazer a transferência do Rio para Brasília.

Em setembro de 1979, foi eleito provincial de sua Congregação no Brasil. Foram os anos em que animou, incentivou e visitou a nova missão que a Congregação iniciara em setembro de 1979, no Sul do Pará. Tendo exercido com muita responsabilidade e fraternidade a coordenação do Conselho Provincial, permaneceu na função até 1985.

A partir deste ano não deixará mais a Diocese de Nova Iguaçu, senão por um período de 3 anos, na Bélgica, como reitor de uma casa de Padres e Irmãos CICM idosos.

Cooperou com todos os bispos da Diocese até mim. Amado pelo povo das paróquias por onde passou, era admirado por sua capacidade de tornar Cristo presente no seu exemplo, carinho, capacidade extraordinária de amizade e um zelo extraordinário pelo cuidado de todos, especialmente dos pobres e esquecidos da sociedade. É recordado com carinho pelo trabalho de animação da Pastoral da Saúde, realizado no hospital da Posse, onde enfermos, funcionários da manutenção, médicos e enfermeiros se tornaram seus amigos.

Animado pela fé, a esperança e o amor ao Senhor que sempre o inspirava e animava na sua missão, com alegria e com o sorriso que sempre nos cativou,agora descansa da dura luta que enfrentou aqui e, certamente, nos acompanha do céu para que não desanimemos de seguir lutando pelo Reino de Deus que ele serviu com tanto empenho.

A Diocese de Nova Iguaçu tem no seu testemunho um dos seus pilares.Como bispo diocesano, sou profundamente grato pela semente bem plantada por ele nos nossos campos, já vemos tantos frutos. Sua colaboração como ecônomo no curto período que aqui estou e, sobretudo, seus conselhos maduros e amizade me dão confiança para seguir na missão, tendo também a ele como inspiração. Obrigado, Pe. Fernando! Sentiremos tanta saudade! O seu exemplo nos inspire!

Fonte: Pe. Bernard M. Raymon Masson, Discurso na Missa das Exéquias de Pe. Fernando.

 

Artigo de Dom Gilson Andrade da Silva, bispo de Nova Iguaçu e Vice-presidente do Regional Leste 1 – CNBB.