Dom Odelir: “Uma igreja que não é missionária não é uma igreja de Jesus”

outubro 18, 2020 / no comments

Dom Odelir: “Uma igreja que não é missionária não é uma igreja de Jesus”

Padre Maurício Jardim, diretor das Pontifícias Obras Missionárias,

Dom Odelir Magir e Padre Jovane Carmo no Santuário de Aparecida

A Campanha Missionária de 2020 foi aberta na manhã do dia 1º de outubro, festa da Padroeira das Missões, Santa Terezinha do Menino Jesus, no Santuário Nacional de Aparecida. A missa de abertura foi presidida pelo presidente da Comissão Missionária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Odelir José Magri e concelebrada por vários padres. O coordenador do Conselho Missionário Regional (Comire) e do Conselho Missionário Diocesano, Padre Jovane Carmo foi um dos concelebrantes.

Em sua homilia na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, na abertura da Campanha Missionária neste mês de outubro, Dom Odelir José Magri disse que este mês é um tempo para “refletir junto, rezar junto, aquecer o coração na nossa ação cotidiana missionária, no nosso ser missionário na vida de cada dia em nossas dioceses, paróquias e comunidades”.

Dom Odelir Magri fez uma saudação especial a todos os conselhos missionários diocesanos e pessoas que se dedicam a ação missionária em suas comunidades e na vida cotidiana.

Dom Odelir Magri, presidente do Conselho Missionário da CNBB

Lembrando o Evangelho da liturgia da quinta-feira da 26ª semana do Tempo Comum, o presidente da Comissão Missionária da CNBB, explicou que o número 72 discípulos é simbólico. “Podemos perguntar por que então 72 é simbólico? Ele quer significar abraçar todas as nações do mundo, todos os países e está em sintonia com o envio de Jesus: Ide por todo mundo, batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

A missão, segundo o bispo, exige que o projeto de Deus seja levado adiante, com o testemunho e anúncio missionário. Ele lembrou que o primeiro anúncio foi de Jesus, que se fez homem, viveu neste mundo, viveu o mistério da sua paixão, morte e ressurreição. “A sua morte na cruz é para salvação de todos. Deus não quer que ninguém seja excluído por isso que a meta última da missão é além fronteiras. É testemunhar e levar essa mensagem de que nós somos salvos pelo mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus a todos os povos”.

Ao longo de sua reflexão Dom Odelir Magri ressaltou três dimensões importantes da identidade missionária. A primeira é a dimensão “Querigmática”. Ele afirma que todos os batizados são chamados a testemunhar a boa notícia, “Deus nos amou por primeiro. Deus nos salvou e nos convida a fazer parte desse seu projeto, dessa sua missão. Por isso, somos todos missionários e missionárias”. O bispo afirma ainda que “a missão querigmática nos coloca, desde o Papa até o último cristão batizado nesta missão, que é uma missão eclesial. É uma obra de igreja. Não é uma coisa pessoal, por isso que nós enviamos alguém em missão. Por isso é uma igreja que envia e recebe. É levar e testemunhar Jesus Cristo, sua proposta de vida. Uma igreja que não é missionária não é uma igreja de Jesus”.

A segunda dimensão é Programática.  Dom Odelir Magri explicou que esse crer em Jesus Cristo, de viver a nossa fé “de algum modo tem que ser manifestado, tem que ser proclamado, tem que ser dito com palavras, mas, como lembrar-nos São Francisco, se for necessário com palavras. Primeiro com testemunho de vida”. Ainda segundo ele a missão como igreja tem um programa, tem um objetivo, tem metas e envolve pessoas.

O presidente da Comissão Missionária da CNBB lembra que a nível de Brasil existe a Comissão Missionária Nacional que envolve todas as forças missionárias da igreja no Brasil. Recordou que em 2019 foi lançado o Programa Missionário Nacional com suas metas, suas prioridades, frisando que esse programa, essa articulação envolve os bispos, padres, religiosos, religiosas, leigos, leigas e os seminaristas

Citando o Papa Francisco, Dom Odelir Magri disse que todos somos chamados a “viver a experiência de uma igreja em saída, uma igreja missionária”. Ele citou ainda este período que vivemos com a pandemia, que, apesar de ser sofrido tem apresentado tantas coisas bonitas, como a solidariedade entre as pessoas. “Isso vem responder ao apelo do Papa Francisco que é combater a tentação da indiferença. Como missionários e missionárias nós também sofremos, mas, participamos deste gesto de compaixão e solidariedade. Por isso que a dimensão programática da missão é importante. É a partir dela que a identidade missionária da igreja se torna visível, pois, viver a missão na dimensão querigmática e programática é por a missão de Jesus no coração da igreja, como afirma o Papa Francisco”

A terceira dimensão vem da mensagem para o mês missionário do Papa Francisco, que afirma que “eu sou uma missão neste mundo, você é uma missão neste mundo”. De acordo com o bispo, a missão é de Deus e nós participamos dela, frisando que a missão não é apenas cumprir tarefas e fazer atividades, mesmo sendo isto importante. “A missão é todo dia, é todos os meses, toda hora é o meu jeito de ser, o meu jeito de viver, o meu jeito de ser cristão na sociedade a partir da minha profissão e do meu serviço na igreja. Como missionário estou anunciando e comunicando aquela experiência que eu estou vivendo do encontro com Jesus. Assim como Ele enviou os 72, assim como enviou os 12, assim como chamou e enviou Santa Terezinha e São Francisco Xavier, hoje me chama, chama você”.

Referindo-se ao lema da Campanha Missionária – “Eis-me aqui, envia-me” – tirado do livro do Profeta Isaías, Dom Odelir Magri disse que é muito atual. “Esse lema é atual. É como se Deus nos chama hoje, agora. Portanto, a missão não é para amanhã, é para hoje e cada um de nós é chamado a dar a sua resposta naquela que é a minha realidade. Vamos ter essa abertura de coração para dizer cada vez que Deus nos convoca para afirmar: eis-me aqui, envia-me”.

Bispos enviam mensagem para as Eleições 2020

outubro 16, 2020 / no comments

Bispos enviam mensagem para as Eleições 2020

Inspirados na imagem do Bom Samaritano e nos ensinamentos do Papa Francisco que nos diz “a política é uma sublime vocação,  é  uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum”, os bispos do Estado do Rio de Janeiro divulgam mensagem ao povo fluminense com o intuito de oferecer alguns elementos que possibilitem a reflexão  madura sobre o exercício consciente da sua responsabilidade cristã e cidadã na construção do bem comum. Abaixo você tem o vídeo da Mensagem e o texto na íntegra.

 


 

MENSAGEM DOS BISPOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PARA AS ELEIÇÕES 2020

A proximidade das eleições municipais 2020 e o cenário atual de pandemia no Brasil são um convite para que os fiéis católicos e todas as pessoas de boa vontade façam uma reflexão madura sobre o exercício consciente da sua responsabilidade cristã e cidadã na construção do bem comum.

Como Pastores do povo que nos foi confiado por Jesus Cristo, nós, os Arcebispos e Bispos católicos do Estado do Rio de Janeiro, Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, desejamos oferecer alguns elementos para esta reflexão.

Inspira-nos a imagem bíblica do Bom Samaritano (Lc 10) que, superando a indiferença diante da dor alheia e estendendo a mão para ajudar, faz da caridade a força que devolve a esperança. A Doutrina Social da Igreja ensina que “a política é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 205).

Um olhar samaritano ao atual momento histórico, faz-nos perceber a sua gravidade e não pode nos deixar indiferentes. A pandemia do novo coronavirus acelerou processos de crises morais, socioeconômicas, políticas e culturais já existentes. Por outro lado, despertou também a consciência solidária de que estamos todos juntos, “no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar” (Papa Francisco, 27 de março de 2020). A solidariedade faz surgir esperança onde a insegurança das respostas oferece medo.

Este contexto exige atitudes políticas novas, capazes de repensar o serviço à cidade com modalidades mais eficientes, priorizando políticas públicas que defendam a vida na sua totalidade (família, saúde, educação, moradia, segurança, ambiente, etc.). A capacidade de estabelecer diálogo, a superação das polarizações, a união das diversas forças e o combate à corrupção fazem parte de atitudes políticas urgentes e que candidatos e eleitores devem considerar.

A Igreja católica não faz política partidária, não tem candidatos, mas considera como parte de sua missão orientar as consciências à luz da coerência com os valores que tornam uma sociedade mais humana. Como cristãos e cidadãos temos o compromisso e a responsabilidade de cooperar para o bem de toda a sociedade. O voto consciente é um instrumento importante para mudanças políticas e sociais significativas.

Procure informar-se, através de fontes seguras, sobre o candidato em que você pretende votar e se suas propostas correspondem à realidade. Considere o seu compromisso com os reais interesses da cidade, especialmente para com os mais pobres e vulneráveis. Não vote em quem troca votos por favores, nem em candidatos condenados pela Justiça por atos de improbidade administrativa. A Lei da Ficha Limpa há de ser, neste caso, o instrumento iluminador do eleitor para barrar candidatos de ficha suja.

Lembremo-nos de que as eleições municipais têm relevância particular, pois vivemos na cidade e nela são aplicadas as políticas públicas que têm mais impacto no contexto do bem comum. A escolha dos prefeitos e vereadores pode ser determinante para processos de superação de desigualdade social e melhor qualidade de vida para todos.

Não se esqueça de que o compromisso com a vida social se exerce de forma privilegiada na hora de votar. Valorize o seu voto!

Para um melhor exercício da cidadania na sociedade democrática é conveniente que nossa atuação se prolongue após as eleições, no acompanhamento dos eleitos, através dos instrumentos que já existem para isso, e que é preciso conhecê-los. O intuito é não só o de fiscalizar, mas também de colaborar positivamente no desenvolvimento das necessárias políticas públicas que garantam os direitos do cidadão.

A política democrática não é luta pela defesa de interesses particulares nem ideológicos, mas serviço e promoção do bem comum, incentivo do desenvolvimento pessoal e solidário das pessoas e dos povos, promoção da justiça e defesa da liberdade.

O conhecimento e aprofundamento da Doutrina Social da Igreja neste tempo poderá fomentar a participação mais consciente e eficaz dos leigos na vida pública.

Deus abençoe e ilumine a todos, eleitores e candidatos, nas eleições municipais deste ano, para o bem do povo!

 

DOM JOSÉ FRANCISCO REZENDE DIAS

Arcebispo Metropolitano de Niterói (RJ)
Presidente do Regional Leste 1 – CNBB

DOM GILSON ANDRADE DA SILVA

Bispo de Nova Iguaçu (RJ)
Vice-presidente do Regional Leste 1 – CNBB

DOM TARCISIO NASCENTES DOS SANTOS

Bispo de Duque de Caxias (RJ)
Secretário do Regional Leste 1 – CNBB