Vaticano divulga materiais para o Ano da Oração

janeiro 31, 2024 / no comments

Vaticano divulga materiais para o Ano da Oração

 

São mais de 700 pessoas da Santa Sé envolvidas em várias funções, 200 reuniões e visitas realizadas, o trabalho dos vários grupos de trabalho, as negociações com o governo italiano e com o município de Roma; 208 referentes das dioceses italianas reunidos e 90 referentes das Conferências Episcopais de todo o mundo: estes são apenas alguns dos números que falam dos esforços em andamento para organizar os grandes eventos do Jubileu 2025, cuja preparação é confiada ao Dicastério para a Evangelização. Além disso, de acordo com um estudo recente, 32 milhões de pessoas, incluindo um milhão e meio de jovens, possivelmente virão a Roma para essa ocasião.

Esses números foram apresentados na terça-feira, 23 de janeiro, na Sala de Imprensa da Santa Sé, quando foi apresentado o Ano de Oração em preparação ao Jubileu de 2025 e os subsídios disponíveis às Igrejas locais para a sua celebração. Na coletiva de imprensa, o pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, dom Rino Fisichella, e o subsecretário, dom Graham Bell, enfatizaram a dimensão espiritual do evento jubilar, da qual a oração é uma condição essencial.

Dom Fisichella, pró-prefeito do próprio Dicastério, enfatizou no início da coletiva de imprensa que o Jubileu não é apenas os grandes canteiros de obras que afetam a cidade, não é apenas a organização de uma série de eventos, mas é um momento que deve enriquecer espiritualmente “a vida da Igreja e de todo o Povo de Deus, tornando-se um sinal concreto de esperança” e, para isso, deve ser preparado e vivido “nas próprias comunidades com aquele espírito de expectativa típico da esperança cristã” e o Ano de Oração 2024 “vem corresponder plenamente a essa necessidade”.

Um Ano para evidenciar o aspecto espiritual do Jubileu

O Papa Francisco abriu oficialmente o Ano de Oração no último domingo, durante o Angelus, mas, relata o pró-prefeito, “já na Carta de 11 de fevereiro de 2022, dirigida a mim para encarregar o Dicastério para o Jubileu”, o Papa Francisco havia escrito: “me alegra pensar que o ano anterior ao evento do Jubileu, 2024, pode ser dedicado a uma grande sinfonia de oração. Em primeiro lugar, para recuperar o desejo de estar na presença do Senhor, de ouvi-Lo e de adorá-Lo”.

Um ano, escreveu o Papa, “em que os corações se abram para receber a abundância da graça, fazendo do ‘Pai Nosso’, a oração que Jesus nos ensinou, o programa de vida de cada um de seus discípulos”. Fisichella enfatiza: “2024 será, portanto, um ano de preparação para o Jubileu que está prestes a começar e um ano durante o qual o aspecto espiritual do evento do Jubileu, que vai muito além de qualquer forma necessária e urgente de organização estrutural, deverá ser mais claramente evidenciado”.

Redescobrir o valor da oração

“Não se trata de um Ano com iniciativas particulares”, ressalta Fisichella, “mas sim de um momento privilegiado para redescobrir o valor da oração, a necessidade da oração cotidiana na vida cristã; como rezar e, sobretudo, como educar para a oração hoje, na era da cultura digital”. O pró-prefeito sublinha a importância de uma verdadeira espiritualidade na vida dos homens e mulheres de hoje. “Há muitas pessoas”, diz dom Rino, “que rezam todos os dias; talvez eu ousaria dizer que todo mundo reza. Nenhuma estatística seria capaz de responder com números e porcentagens corretas sobre esse momento tão íntimo das pessoas que vivem a pluriformidade da oração como um momento muito pessoal”.

O Ano de Oração se insere nesse contexto e sua celebração é confiada a cada Igreja local. O papel do Dicastério para a Evangelização será o de apoiar o que for planejado pelas dioceses “para que a oração da Igreja possa novamente revigorar e animar a vida de cada pessoa batizada”, colocando à disposição de todos alguns subsídios, “instrumentos simples que, em sua maioria, já são implementados diariamente pelas nossas comunidades”.

As catequeses do Papa e a coleção da LEV

Entre os auxílios oferecidos, em primeiro lugar, estão as 38 catequeses que o Papa Francisco proferiu de 6 de maio de 2020 a 16 de junho de 2021, considerando os vários momentos de oração, e também a coleção “Notas sobre a oração”, sobre a qual dom Graham Bell falou na coletiva de imprensa. Trata-se de uma iniciativa da LEV, a Livraria Editora do Vaticano, que, a partir de hoje (23/01), publicará uma coleção de 8 pequenos textos “que aprofundam as várias dimensões do ato cristão de rezar, escritos por autores de renome internacional, e editados pelo Dicastério para a Evangelização”.

O primeiro volume disponível nas livrarias é intitulado: “Orar hoje. Um desafio a ser superado”, foi escrito pelo cardeal Angelo Comastri e conta com o prefácio do Papa Francisco. “O livro propõe”, explica dom Bell, “referências sobre a necessidade de oração e ensinamentos para ter ‘um olhar diferente e um coração diferente’, com destaque para figuras que testemunharam a fecundidade da oração, como Santa Teresa de Lisieux, São Francisco de Assis e Madre Teresa de Calcutá”. A divulgação dos outros sete textos seguirá até abril. Em 6 de maio, o Papa Francisco tornará pública a Bula de Proclamação do Jubileu de 2025 e, a partir dessa data, especifica-se, será a Carta Apostólica do Papa que estará no centro da preparação para o Ano Santo.

Uma “Escola de Oração” com o Papa Francisco

Ao retomar a palavra, o pró-prefeito anuncia que o próprio Papa, durante este ano, lançará uma “Escola de Oração”, momentos de encontro com comunidades e categorias de pessoas, segundo o modelo das sextas-feiras da Misericórdia vividas durante o Ano Santo Extraordinário de 2015/2016, “para rezar juntos e compreender algumas formas de oração: da ação de graças à intercessão; da contemplativa à consolação; da adoração à súplica…”. E Fisichella conclui citando novamente o Papa Francisco, que disse estar certo de que “os bispos, sacerdotes, diáconos e catequistas encontrarão neste Ano as formas mais adequadas para colocar a oração na base da proclamação de esperança que o Jubileu 2025 pretende fazer ressoar em um tempo conturbado”.

Com informações e imagens VaticanNews

Um pároco planetário: Francisco reflete sobre a necessidade de unidade em entrevista ao La Stampa

janeiro 30, 2024 / no comments

Um pároco planetário: Francisco reflete sobre a necessidade de unidade em entrevista ao La Stampa

Entrevista de Francisco ao jornal italiano La Stampa: “é urgente um cessar-fogo global, estamos à beira do abismo”. Sobre a declaração Fiducia supplicans: “Confio que todos se tranquilizem, visa incluir, não dividir”. “Sinto-me um pároco. De uma paróquia planetária”

“Havia o acordo de Oslo, muito claro, com a solução de dois Estados. Enquanto esse acordo não for aplicado, a verdadeira paz permanece distante.” Esta é a consideração sobre o que está acontecendo na Terra Santa, depois dos ataques do Hamas e da guerra que destrói as cidades da Faixa de Gaza, que o Papa Francisco confia a Domenico Agasso, vaticanista do jornal La Stampa, na entrevista hoje nas bancas. Francisco, falando dos numerosos conflitos em curso, convida a rezar pela paz, indica o diálogo como único caminho e pede para “parar imediatamente as bombas e os mísseis, pôr fim às atitudes hostis. Em todos os lugares”, um “cessar-fogo global” porque “estamos à beira do abismo”.

Esperanças para a Terra Santa e a Ucrânia

O Papa explica a sua contrariedade em definir uma guerra como “justa”, preferindo dizer que é legítimo defender-se, mas evitando “justificar as guerras, que são sempre erradas”. Afirma temer uma escalada militar mas que cultiva alguma esperança “porque estão sendo realizadas reuniões reservadas para tentar chegar a um acordo. Uma trégua já seria um bom resultado.” Francisco define o cardeal Pizzaballa como “uma figura crucial”, que “se movimenta bem” e procura fazer uma mediação, recorda de diariamente fazer uma videochamada para a paróquia de Gaza e afirma também que “a libertação dos reféns israelenses” é uma prioridade. No que diz respeito à Ucrânia, na entrevista o Sucessor de Pedro recorda a missão ao cardeal Zuppi: “A Santa Sé está tentando mediar a troca de prisioneiros e o retorno dos civis ucranianos. Em particular, estamos trabalhando com a Sra. Maria Lvova-Belova, a comissária russa para os direitos da infância, para o repatriamento de crianças ucranianas levadas à força para a Rússia. Alguma já voltou para sua família”.

Fiducia supplicans deseja incluir

Na entrevista, Francisco recorda que “Cristo chama todos para dentro” e referindo-se à declaração que permite bênçãos para casais irregulares e do mesmo sexo, explica: “O Evangelho é para santificar a todos. Claro, desde que exista boa vontade. E é necessário dar instruções precisas sobre a vida cristã (sublinho que não se abençoa a união, mas as pessoas). Mas pecadores somos todos: por que então fazer uma lista de pecadores que podem entrar na Igreja e uma lista de pecadores que não podem estar na Igreja? Este não é o Evangelho.”

No que diz respeito às críticas ao documento, o Papa observa que ” aqueles que protestam veementemente pertencem a pequenos grupos ideológicos”, enquanto define o dos africanos como “um caso à parte”, dado que “para eles, a homossexualidade é algo ‘ruim’ do ponto de vista cultural, não a toleram”. Mas no geral, “confio que gradualmente todos se tranquilizem em relação ao espírito da declaração” que “visa incluir, não dividir. Convida a acolher e depois confiar as pessoas e confiar-nos a Deus”. Francisco admite que às vezes se sente sozinho, “mas de qualquer forma sigo em frente, dia após dia” e diz não temer cismas: “Na Igreja sempre houve pequenos grupos que manifestavam reflexões de nuances cismáticas… devemos deixá-los fazer e passar… e olhe em frente”.

Inteligência artificial, oportunidades e perigos

O Papa aborda então o tema de sua recente mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, dedicado à inteligência artificial, que ele define como “um belo passo à frente que pode resolver muitos problemas, mas que potencialmente, se administrado sem ética, também pode provocar muitos danos ao homem”. O objetivo é que ela “esteja sempre em harmonia com a dignidade da pessoa”, caso contrário “será um suicídio”.

Próximas viagens

Francisco diz que se sente bem, apesar de algumas dores, e não está pensando neste momento em renunciar. Ele recorda as próximas viagens à Bélgica, Timor Leste, Papua Nova Guiné e Indonésia em agosto. Define “entre parênteses” a hipótese de uma viagem à Argentina, dizendo que não se sentiu ofendido com as palavras de Milei durante a campanha eleitoral e confirma que se encontrará com o novo presidente nos próximos dias, logo após a canonização da santa argentina “Mama Antula”, prevista para 11 de fevereiro. Pronto para dialogar com ele.

A Igreja que virá e o Conclave de 11 anos atrás

Depois de recordar o Dia Mundial das Crianças, que “elas são mestras de vida” e devem ser escutadas, o Papa reitera seu sonho de uma “Igreja em saída” e lembra o que aconteceu depois de suas palavras durante as congregações gerais que precederam o Conclave de 2013: “depois de meu discurso houve aplausos, inéditos em tal contexto. Mas eu absolutamente não havia intuído o que muitos me revelariam mais tarde: aquele discurso foi minha ‘condenação’ (sorri, nda). Quando eu estava saindo da “Sala do Sínodo”, um cardeal que falava inglês me viu e exclamou: “Muito bom o que você disse! Belo. Belo. Precisamos de um Papa como o senhor!” Mas eu não havia percebido a campanha que estava se formando para me eleger. Até o almoço de 13 de março, aqui na Casa Santa Marta, poucas horas antes da votação decisiva. Enquanto comíamos, fizeram-me duas ou três perguntas “suspeitas”… Então, na minha cabeça, comecei a dizer a mim mesmo: “Algo estranho está acontecendo aqui…”. Mas ainda consegui tirar uma soneca. E quando me elegeram, tive uma surpreendente sensação de paz dentro de mim”. Enfim, Francisco confidenciou à “La Stampa” que se sente como “um pároco. De uma paróquia muito grande, planetária, é claro, mas gosto de manter o espírito de um pároco. E estar entre as pessoas. Onde eu sempre encontro Deus”.

Fonte: Vatican News