Nota de solidariedade a Dom Gregório Paixão, OSB, bispo de Petrópolis (RJ)

dezembro 22, 2020 / no comments

Bispos enviam nota de solidariedade a Dom Gregório Paixão

Bispos do Estado do Rio de Janeiro manifestam apoio a Dom Gregório Paixão, OSB, bispo de Petrópolis (RJ), em virtude da decisão de judicial sobre o fechamento das igrejas na cidade de Petrópolis na Região Serrana. Abaixo, segue a declaração de Dom Gregório e em seguida a Nota de Solidariedade dos Bispos do Regional Leste 1 – CNBB.

 


 

Nota de solidariedade a Dom Gregório Paixão, OSB, bispo de Petrópolis (RJ)

Nós, Arcebispos e Bispos católicos do Estado do Rio de Janeiro, Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, vimos a público apresentar solidariedade a Dom Gregório Paixão, Bispo Diocesano de Petrópolis. Em vídeo divulgado neste dia 22 de dezembro, ele manifestou sua indignação, diante de decisão judicial, ordenando fechamento de templos religiosos justamente na semana da celebração do Natal do Senhor.

Sendo a assistência religiosa um serviço essencial, garantido por lei, nossas Arquidioceses e Dioceses, neste tempo de pandemia, procuraram adaptar seus espaços de culto, seguindo as normas das autoridades sanitárias, a fim de garantir ambientes seguros aos fiéis. Como afirma Dom Gregório, “basta visitar nossas Igrejas para ver que todas as regras são seguidas”.

Além disso, um trabalho contínuo de conscientização acerca das orientações sanitárias tem sido realizado em nossas Igrejas.  Recordamos também que nossas Instituições estão sendo protagonistas de inúmeras iniciativas sociais de solidariedade para com os mais pobres em suas muitas necessidades. Destes e de outros modos temos assumido a nossa responsabilidade social, oferecendo a colaboração que nos corresponde para juntos superarmos esta crise.

Como desde o início da pandemia assumimos com responsabilidade o cuidado das pessoas que frequentam nossos ambientes, causou-nos perplexidade a decisão da 2ª Vara Federal que, acolhendo um pedido dos Ministérios Públicos Federal e Estadual ordenou o fechamento de templos religiosos em Petrópolis. Assim, unimo-nos à manifestação de Dom Gregório Paixão e nos solidarizamos a ele e a todos os seus diocesanos, pedindo que seja revogada essa decisão.

 

Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 2020.

 

DOM JOSÉ FRANCISCO REZENDE DIAS

Arcebispo Metropolitano de Niterói (RJ)
Presidente do Regional Leste 1 – CNBB

DOM GILSON ANDRADE DA SILVA

Bispo de Nova Iguaçu (RJ)
Vice-presidente do Regional Leste 1 – CNBB

DOM TARCISIO NASCENTES DOS SANTOS

Bispo de Duque de Caxias (RJ)
Secretário do Regional Leste 1 – CNBB

 


 

Faça aqui o download da Nota de Solidariedade dos Bispos do Regional Leste 1 – CNBB a Dom Gregório Paixão, OSB, na íntegra. 

 

Dia Nacional da Consciência Negra, Dia de Luta!

novembro 20, 2020 / no comments

Dia Nacional da Consciência Negra, Dia de Luta!

Hoje trazemos a memória da morte de Zumbi dos Palmares …. de fato uma data muito significativa e de enorme relevância para  todos nós, afro-brasileiros .

Como cristão católico, sem omitir e dirimir a pessoa de Cristo Rei do Universo, também celebramos o Dia da Consciência Negra, na ação da liderança de um quilombo, que teve o grande Zumbi  dos Palmares. Hoje, dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra, não é preciso lembrar, pois todos nós sabemos que o Brasil é um país maravilhoso, de uma cultura magnífica, de negros e brancos, índios e mestiços. Porém, um país com histórico ruim e de significativa negação, no papel dos movimentos e lideranças populares no processo de democratização, especialmente das  lideranças e movimentos negros.

Vemos que desde o início da Campanha da Fraternidade a Igreja Católica tem se firmado de uma maneira mais clara e eficiente na luta dos povos, e dos povos negros, em boa parte representados pela  Pastoral Afro-Braasileira (PAB), em suas dioceses, arquidioceses e regionais da CNBB.

Caríssimos, hoje nós nos encontramos aqui no Centro Cultural Social e Pastoral Dom Orani João Tempesta (CCSP). É preciso celebrar esta data. Como negro e como padre, digo: não viemos choramingar os fatos e acontecidos, mas registrar este dia como o dia de reflexão, discussão da demarcação de uma luta política social, árdua e necessária, em vista da  igualdade racial.

Neste último final de semana, certamente, alegrou nosso coração a realização do pleito eleitoral, visto o número considerável de negros e negras, eleitos para ocupar os espaços nas instituições políticas municipais. Parabéns a todos estes guerreiros afro-brasileiros. Mesmo tendo consciência de que a população afro-brasileira é a maioria, no Brasil, conforme o critério de autodefinição. Mas a minoria, nesta representatividade, tem o dever de buscar aumentar ainda mais os cargos eletivos,  em vista de uma representatividade, que seja relevante e significativa, do ponto de vista quantitativo.

Hoje, neste dia da consciência do nosso povo negro, quero dizer que este é, também, um momento oportuno para lembrar a presença dos negros na História do Brasil,  sobretudo na luta contra a escravidão, de ontem e de hoje e, o legado cultural que deixaram.

Como o próprio Zumbi, cito também Dandara, sua esposa. Aleijadinho, Tereza de Benguela, Mestre Valentim, Padre José Mauricio, Maria Firmina dos Reis, Luís Gama, André Rebouças, Francisco José do Nascimento, Machado de Assis, Estêvão Silva, José do Patrocínio, João da Cruz e Souza, Nilo Peçanha, Mãe Menininha, Pixinguinha, Antonieta de Barris, Nhá Chica, Dom Silvestre, Pe. Vítor, Laudelina de Campos, Carolina de Jesus, Grande Otelo, Ruth de Souza… Nossos antepassados e nossos pais e tantos outros, de ontem e de hoje.

Celebrar o 20 de novembro é reafirmar a luta  da vida  do povo negro,  dentro deste universo de que todas  as vidas importam.  Apesar das controvérsias, dos pontos e  contrapontos a este grito de igualdade, dos movimentos do nosso povo negro, gritando em voz alta e forte “vidas negras importam.”  É preciso celebrar este dia, como memória histórica e como consciência de que existe muito a fazer. Pois, sabemos que o Brasil tem uma dívida histórica para com a população negra. De seu erguimento, nos séculos de escravidão, no lombo dos negros e negras que  sustentaram a economia do Brasil, devido aos quase três séculos de escravidão e os mais de quinhentos anos  de  atropelos.

 

Padre Edmar Augusto

Assessor da Pastoral Afro-brasileira do Regional Leste 1 – CNBB