NOS BRAÇOS DO PAI: Falece Madre Maria Bernadete

agosto 10, 2019 / no comments

Madre Maria Bernadete, batizada com o nome de Maria Madalena de Figueiredo, nascida no dia 22 de julho de 1918, em Sousa, na Paraíba, faleceu na tarde de hoje aos 101 anos 

 

Faleceu a Madre Maria Bernadete, de nome civil Maria Madalena de Figueiredo, fundadora do Instituto das Irmãs do Bom Conselho. Madre Maria Bernadete tinha 101 anos e faleceu no hospital, sexta-feira, 9 de agosto, às 15h.

A Madre será velada no Convento Irmãs de Nossa Senhora do Bom Conselho, na Rua Domicio da Gama, Eldorado, Maricá – RJ, hoje 10 de agosto a partir das 9h até o domingo, 11 de agosto.

O corpo será conduzido à paróquia Nossa Senhora do Amparo às 8h30 do dia 12 de agosto. Na paróquia acontece às 14h a Missa de Exéquias.

Esta mulher, que tanto amou e foi amada, confiamos a Deus, através de nossas preces e a certeza de fé, expressa na bela frase de São João da Cruz: “No entardecer da vida seremos julgados pelo Amor”. Crentes de que todo o amor devotado a Cristo, à Igreja e ao Povo de Deus lhe dará, como recompensa, o repouso nos braços do Pai.

 

História da Madre Maria Bernadete

Madre Maria Bernadete, batizada com o nome de Maria Madalena de Figueiredo, nasceu no dia 22 de julho de 1918, em Sousa, na Paraíba, a primeira de 12 filhos do casal Manoel Francisco de Figueiredo e Francisca Maria de Figueiredo.

Recebeu o Sacramento do Batismo com 40 dias de nascimento, em 1º de setembro, na Paróquia Nossa Senhora dos Remédios; a Crisma, no ano de 1921, e a primeira Eucaristia, no dia 8 de dezembro de 1925.

Proveniente de uma família religiosa e piedosa, desde muito cedo tinha profunda sensibilidade pelo sagrado. Participava ativamente da igreja com seus pais, de quem adquiriu um sincero amor pela Igreja e zelo pelos sacerdotes. Atuou na catequese infantil e gostava de frequentar a adoração eucarística.

Estudou no Colégio das Irmãs Doroteias, cresceu no conhecimento e na fé cristã, enquanto foi desabrochando a vocação para a vida consagrada.

Aos 15 anos, com o falecimento de sua mãe, além dos estudos, precisou, juntamente com o pai, dedicar-se aos cuidados dos irmãos mais novos que, carinhosamente, a chamavam de ‘mãezinha’. Com o passar dos anos, seu pai conheceu uma senhora que frequentava a mesma paróquia. Alguns dias depois, conversando com a filha sobre a possibilidade de um novo matrimônio, Maria Madalena ficou imensamente feliz e o incentivou a realizar este desejo.

Sentindo que chegara o tempo de realizar seu grande sonho, parecia que tudo fora preparado e conduzido por Deus. Aos dezenove anos, ingressou no Convento das Irmãs Missionárias Carmelitas, na cidade de Cajazeiras, na Paraíba. No dia 15 de agosto de 1938, iniciou a etapa do postulantado e, em 10 de fevereiro de 1939, foi admitida ao noviciado, recebendo o hábito próprio e o nome religioso de Irmã Maria Bernadete de Jesus. Todo o período de formação durou dois anos.

Irmã Maria Bernadete emitiu os primeiros votos, dedicados à Nossa Senhora de Lourdes, em 1941. Já em 10 de agosto de 1950, proferiu os votos de castidade, pobreza e obediência, entregando-se, definitivamente, a Cristo, e dedicando-se a uma vida de oração, sacrifício e trabalho.

Em janeiro de 1952, dois anos após os votos perpétuos, foi eleita Superiora geral das Irmãs Missionárias Carmelitas, substituindo a fundadora, Madre Carmelita, que estava em idade avançada.

Madre Maria Bernadete, tendo um imenso desejo de incluir na ordem o compromisso de imolar-se pela santificação dos sacerdotes, sem a intenção de deixar o Carmelo, fez um pedido especial ao bispo, que não foi aprovado pelo padre fundador, que a orientou então, a escrever uma carta a Roma.

Passado algum tempo, ela recebeu, como resposta, o aconselhamento de que deveria desligar-se do Carmelo para uma nova fundação. Em oração, percebeu nos acontecimentos a vontade de Deus. Assim, logo começou a organizar o desligamento do Carmelo.

Como responsável pela congregação, iniciou visitas às comunidades, para informar às religiosas a resposta de Roma e, também, despedindo-se de cada uma. Várias delas pediram para acompanhá-la nesta nova missão. O desligamento da Congregação das Irmãs Missionárias Carmelitas aconteceu em 13 de janeiro de 1957, com um grupo de religiosas.

Percorreram um longo caminho, de muitos sofrimentos e provações. No entanto, entre elas reinava grande paz, alegria e confiança na Providência Divina. Permaneceram alguns meses em São Paulo e chegaram ao Rio de Janeiro, onde foram recebidas pelo então Arcebispo Cardeal Jaime de Barros Câmara. Juntamente com Madre Maria Bernadete, as Irmãs Maria do Santíssimo Sacramento, Maria Violeta, Maria dos Anjos e Maria Teresinha iniciaram a nova fundação.

No dia 26 de março de 1959, Dom Jaime as acolheu em sua própria residência, por alguns anos, assumindo a fundação, e acompanhando-as nos primeiros anos, orientando-as espiritualmente, como também dando apoio às necessidades materiais.

Mais tarde, debilitado e impossibilitado de dar continuidade ao trabalho, confiou aos jesuítas, por meio do Padre Flávio da Veiga, os cuidados espirituais das irmãs. A fundação recebeu o nome de Instituto Nossa Senhora do Bom Conselho, que passou a ser marcado pela espiritualidade inaciana: “Em tudo, amar e servir, fazendo tudo para a maior glória de Deus” (Santo Inácio de Loyola).

Nesta transição de direção e orientação espiritual, a sede do instituto foi transferida para a Arquidiocese de Niterói e acolhida pelo arcebispo Dom Antônio de Almeida Morais Júnior, no dia 11 de julho de 1963. Foi oferecido ao Instituto residir na cidade de Maricá, assumindo os trabalhos pastorais e de catequese da Paróquia Nossa Senhora do Amparo.

As religiosas do Instituto de Nossa Senhora do Bom Conselho se consagram, emitindo os votos perpétuos e oferecendo suas vidas em união com Jesus na Eucaristia, que se imola constantemente ao Pai pela humanidade. As Irmãs, com Jesus, se imolam ao Pai, pela santificação dos sacerdotes. Este carisma foi inspirado no texto do Evangelho de São João: “Por eles, eu me consagro” (Jo 17,19).

A Madre fundadora sempre ensinou às suas filhas que as coisas ordinárias, por mais simples que sejam, devem ser realizadas de modo extraordinário, vivendo intensamente a vida comunitária, com fidelidade e doação. Elas devem ser como uma vela iluminando e aquecendo, sem nada exigir para si.

É uma imensa alegria e uma grande riqueza para o Instituto, ter consigo a presença da fundadora que, no silêncio de sua idade avançada, transmite a todas o valor da consagração e da imolação de uma vida inteira, consumindo-se como uma vela acesa.

 

Colaboração: João Dias com informações do diácono Nélio do Amparo e do Instituto das Irmãs do Bom Conselho
Fotos: Carlos Moioli – ArqRio

 

Congresso de Seminaristas anima para a missão

julho 16, 2019 / no comments

Os mais de 300 seminaristas de todo o Brasil concluíram neste domingo, 14 de julho, o 3º Congresso Missionário Nacional de Seminaristas, realizado em Santo Antônio da Patrulha (RS). Nos momentos finais, foi apresentado o plano trienal dos Conselho Missionários de Seminaristas e a importância de sua animação nas dioceses do Brasil.

Segundo Pe. Antônio Niemiec, secretário da Pontifícia União Missionária, manifestou que o objetivo do COMISE é “proporcionar aos futuros candidatos à Vida Religiosa Consagrada uma sólida espiritualidade e formação missionária capaz de enfrentar os desafios da missão: na pastoral, na nova evangelização e na missão ad gentes e além-fronteiras”. Nos últimos anos, o COMISE se expandiu pelas dioceses e regionais do Brasil graças à realização de formações, congressos e experiências missionárias de seminaristas.

Lucas Tadeu, coordenador nacional do COMISE, destacou que os Conselho Missionários de Seminaristas podem ser organizados em âmbito do Seminário, Diocese, Província Eclesiástica ou Regional. “Esse espaço, entre outras ações, colabora para que todos os seminaristas possam promover atividades missionárias, simpósios e congressos, além de experiências missionárias dentro e fora da diocese”, destacou o coordenador.

Sábado foi dia de missão nas comunidades

As comunidades que acolheram os seminaristas em suas famílias durante os dias do congresso tiveram uma programação especial neste sábado, 13 de julho.

As comunidades Santa Teresinha, Campos dos Guilhermes, Campestre, Madre Teresa, Evaristo, Várzea, e as paróquias do Caraá e Vila Palmeira receberam visitas missionárias nas famílias, com atividades específicas organizadas por cada comunidade. Os seminaristas também tiveram oportunidade de conhecer a cidade, sua história e cultura.

 


 

Carta-compromisso dos seminaristas congressistas aos irmãos de Seminário, senhores Bispos e Formadores de todo Brasil.

Nos dias 10 a 14 de julho de 2019, estivemos reunidos em Santo Antônio da Patrulha – RS, para o 3° Congresso Missionário Nacional de Seminaristas. Somamos em torno de 300 congressistas, sendo 235 seminaristas diocesanos e religiosos de 104 dioceses e prelazias dos 18 regionais do Brasil, formadores, coordenadores de COMIREs, bispos representantes da CNBB, coordenadores das POM, representantes da OSIB, CRB, CIMI, IAM, JM e FM. Promovido pelas POM e pela comissão nacional dos COMISEs, o Congresso contou com uma excelente equipe de organização envolvendo cerca de 150 voluntários, com o COMIDI local, COMIRE Sul 3, a diocese de Osório – RS, paróquias, agentes de pastorais e movimentos e famílias da comunidade que se disponibilizaram para acolher e servir com amor e generosidade. O objetivo geral foi animar e aprimorar a formação missionária dos futuros presbíteros no Brasil, de maneira que a missão seja realmente eixo central da formação e ajude os seminaristas a adquirir um autêntico espírito missionário.

Gostaríamos de transmitir a todos os nossos irmãos seminaristas, equipes de formação e bispos, nossa imensa alegria em congregar pessoas de tantas Igrejas particulares e congregações religiosas deste nosso imenso país, todas imbuídas pelo mesmo ardor missionário de animar e fortalecer nossa vocação.

O Congresso foi, sem duvida, um momento de verdadeira sensibilização para com a caminhada missionária da Igreja no Brasil e no mundo. Tornou-se um excelente espaço de reflexão sobre a formação missionária dos futuros presbíteros, troca de experiências e celebrações a fim de encontrarmos novos rumos que aprimorem as orientações para a formação dos seminaristas do Brasil. Fomos impulsionados a sermos agentes ativos no processo de conversão pastoral e ajudarmos a Igreja a viver a missão como “uma paixão por Jesus e, simultaneamente uma paixão pelo seu povo” (EG 268), durante todo o processo de formação, tanto inicial como permanente.

Com a intenção de despertar em medida maior a consciência da missio ad gentes e retomar com novo impulso a transformação da vida, da formação e da pastoral, sentimos que, mais do que nunca, devemos assumir sem medo o seguimento de Cristo de maneira preferencial. “Não é possível falar de vocação, excluindo missão”. O fator missionário não se soma ao ser padre, mas é um com o chamado vocacional. Antes de qualquer coisa é necessário ser discípulo, despojar-se do desnecessário e acompanhar o Mestre, assumindo os mesmos compromissos d’Ele. Assim como Cristo, é preciso “mergulhar” na dor e na dificuldade do outro. Neste sentido, é fundamental que os futuros presbíteros movimentem-se, peregrinem ao encontro daqueles que o Senhor os enviou e com passos, ritmos, etapas, uma imersão autêntica na experiência de Cristo, vivermos a apostolicidade e missionariedade da Igreja e os ensinamentos do Mestre. Também é essencial aprofundar-se nos afetos e nos sentimentos de Jesus, integrar-se em sua liberdade, em seus talentos, pensamentos, compadecimentos. Olhar para o outro, para aquele que sofre, com os olhos de Jesus a partir da iniciação cristã e da configuração a Ele, a fim de que na imagem do cristão missionário se vislumbre a figura do próprio Cristo.

Na era atual em que a vida cada vez mais perde seu sentido devido às novas tecnologias, todo missionário é convidado a ser profeta, ser e fazer algo definitivo em meio a essa transitoriedade, pois a missão tende ao que não passará. A Igreja missionária, impulsionada pelo desejo de evangelizar, deve anunciar a partir da experiência própria com Deus e transformação pessoal que emerge de dentro, do ser, pelo e por amor. A partir daí, sentimos a necessidade de compreender o quanto é importante estar “enamorados por Jesus Cristo” e “encontrar forças na cruz do Senhor” que impulsiona a uma vida missionária, tirando cada um de uma zona de conforto para ir à realidade do outro. Isso se resume na necessidade de promovermos a sinodalidade e assumirmos espaços missionários nas casas de formação e nas paróquias; despertarmos o ardor missionário por meio da consciência de que a missão contínua e permanente é um transbordar da experiência pessoal com Jesus. Daí implica-se rever com coragem costumes, estilos, horários, linguagem, escuta, diálogo, estruturas, formas, ministérios, práticas de formação humana, teológica e espiritual, bem como a prática da solidariedade, da cooperação e da integração.

Estamos convictos de que a vocação é dom de Deus e a missão d’Ele procede. Dirigimo-nos aos nossos bispos, reitores e formadores. Pedimos o apoio e benção para que a espiritualidade e a missionariedade sejam o princípio articulador de todo o processo formativo. Nas realidades que os COMISEs ainda não atuam ou que são pouco estruturados, pedimos sua atenção e incentivo para que sejam fortalecidos. Assim, certos da atenção de todos, reiteramos nosso desejo de juntos, animados e guiados pelo Espírito de Deus, construirmos no coração dos Seminários, Casas de Formação, Institutos, Universidades e Paróquias, uma mentalidade viva e ardente, direcionada a uma Igreja em permanente missão, com o rosto misericordioso do Pai, marca insubstituível da Igreja Missionária. Sem mais, nossa prece ao coração afim de que brote no seio da Igreja do Brasil e do mundo o amor à causa missionária. Igreja em missão, vida em doação!

 

Em Cristo Jesus, Missionário do Pai.
Os participantes do 3º Congresso Missionário Nacional de Seminaristas.

 

Santo Antônio da Patrulha, 14 de julho de 2019

 

Fonte: POM.org.br