Furtada há 47 anos, imagem histórica de Rei Davi é recuperada pela Diocese de Duque de Caxias

setembro 21, 2021 / no comments

Furtada há 47 anos, imagem histórica de Rei Davi é recuperada pela Diocese de Duque de Caxias

Assim como na literatura bíblica, as imagens sacras do Rei Davi e de sua amada Betsabéia, mãe do Rei Salomão, passaram por maus momentos. Furtadas da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar em 1974, as esculturas seguiram destinos diferentes e ficaram desaparecidas por mais de quatro décadas até serem localizadas em acervos de colecionadores.

A primeira escultura recuperada foi a da a rainha consorte de Israel – Betsabá – esposa do rei Davi e mãe do rei Salomão. Agora foi a vez da imagem do Rei Davi. Ambas as obras foram executadas na primeira metade do Século XVIII e possuem características do barroco joanino, em madeira policromada e douramento, com cerca de 1,20m de altura. Juntas, essas imagens formam um conjunto escultórico pertencente ao altar-mor da igreja histórica localizada no bairro Pilar em Duque de Caxias (RJ).

Dom Tarcisio (centro) com os membros da Comissão Diocesana para os Bens Culturais e a escultura recuperada.

Características da imagem sacra

Elaine Gusmão, especialista em História da Arte e membro da Comissão para os Bens Culturais e Patrimônio Histórico da Diocese de Duque de Caxias, é quem nos conta sobre as especificidades dessas obras. “O estilo barroco é caracterizado pela grandiosidade, teatralidade e representações visuais das imagens, que nasceu para atuar como instrumento de afirmação e persuasão da fé cristã. As imagens auxiliavam na catequização dos fiéis, que não tinham acesso aos textos da Bíblia. A transcendência estética das obras fortalecia os ensinamentos religiosos através do encantamento dos devotos com a beleza artística. A imagem foi confeccionada em “escorzo”, que é a alteração intencional das proporções anatômicas, técnica utilizada pelos artistas para corrigir a perspectiva, uma vez que seriam vistas de longe e de baixo para cima.”

Alta-mor com as imagens recuperadas em destaque

Simbolismo

A especialista nos conta ainda que “a iconografia do conjunto escultórico representa a passagem da Bíblia presente em 2 Samuel 11,2-5:  “Uma tarde Davi levantou-se da cama e foi passear pelo terraço do palácio. Do terraço viu uma mulher muito bonita tomando banho, e mandou alguém procurar saber quem era ela. Disseram-lhe: ‘É Betsabá, filha de Eliã e mulher de Urias, o hitita’. Davi mandou que a trouxessem, e se deitou com ela, que havia acabado de se purificar da impureza da sua menstruação. Depois, voltou para casa. A mulher engravidou e mandou um recado a Davi, dizendo que estava grávida”.

Buscas, identificação e retorno

O rastreamento e localização das imagens sacras furtadas dos nossos templos, principalmente da Igreja do Pilar, fazem parte de um esforço permanente da Diocese de Duque de Caxias, em conjunto com o Ministério Público, e que envolve ainda, os esforços da Polícia Federal e do Poder Judiciário. No caso específico da imagem do Rei Davi, foram feitas houve buscas em leilões de arte, livros de arte e catálogos. A escultura foi identificada, em 2015, no livro “O Aleijadinho: Catálogo Geral da Obra: Inventário das Coleções Públicas e Particulares”, obra de autoria de Márcio Jardim, Herbert Sardinha Pinto e Marcelo Coimbra, lançado em 2011. A imagem encontrava-se em uma coleção particular no Estado de São Paulo.

Igreja do Pilar

Um dos primeiros bens tombados do país, em 1938, apenas um ano após a criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar foi construída no início do século XVIII nas margens do antigo porto do Pilar do Iguaçu, sendo a sede religiosa de uma das freguesias mais ricas da região durante o ciclo do ouro, pois situava-se num dos caminhos para as Minas, porém com a abertura de uma nova estrada que fazia cumpria o mesmo trajeto de maneira mais célere fora abandonado, levando a freguesia à decadência.

De rara beleza e ornada em ouro, a igreja histórica passou por muitos furtos, tendo grande parte do seu acervo saqueado, entre os quais a imagem de Nossa Senhora do Pilar, padroeira diocesana, que ainda encontra-se desaparecida.

Fachada da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar em restauração.

Atualmente o templo encontra-se em processo de restauração para a realização do reforço da infraestrutura, descupinização, recuperação dos bens móveis integrados e a conservação dos elementos artísticos. Inicialmente com previsão de entrega para dezembro de 2020, devido a pandemia da COVID-19, foi necessária uma readequação no prazo de conclusão das obras. Mas em breve os fiéis poderão voltar a participar das missas e celebrações no templo fechado há 7 anos.

 

Colaboração: Comissão para os Bens Culturais e Artes Sacras e Assessoria de Comunicação da Diocese de Duque de Caxias

Mensagem dos Bispos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro

maio 22, 2021 / no comments

“…dar passos concretos rumo a um futuro diferente”

Em mensagem divulgada hoje, dia 22 de maio, os Bispos da região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro manifestaram o compromisso de colaborar junto aos fiéis, na construção de um futuro melhor para todos. “Tendo passado alguns dias de acontecimentos graves em nossas circunscrições eclesiásticas, queremos refletir sobre o momento atual e colaborar para dar passos concretos rumo a um futuro diferente”, diz a mensagem.

“Nós, Pastores da Igreja Católica, convocamos os fiéis das Arquidioceses do Rio de Janeiro e de Niterói, e das Dioceses de Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Itaguaí, para abrirem seus corações aos frutos do Espírito: caridade, bondade, mansidão e Paz! No dia de Maria, Mãe da Igreja, a segunda-feira após Pentecostes, que neste ano será o dia 24 de maio, também dia de Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos, convocamos todos para um mutirão de orações pela paz, sugerindo as “mil Ave Marias” como um grito uníssono aos céus, para que derramem a Paz nos corações de todos. Propomos também, nos próximos meses, discutir esses assuntos com os vários segmentos de nossa sociedade, procurando encontrar caminhos de paz”, convocam os Bispos, a  atitude de todo o povo de Deus dessa porção particular do Estado.

Colaboração: João Dias (SECOM – Arquidiocese de Niterói)

 

Leia abaixo a Mensagem dos Bispos na íntegra:

 


Mensagem dos Bispos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro

“JAMAIS UNS CONTRA OS OUTROS”

(Paulo VI na ONU em 1965)

 

Vivemos tempos desafiadores! A dor de tantas pessoas que perdem seus entes queridos (e nós sentimos isso em nossa própria carne), a situação econômica que leva muitos a viverem em necessidade (que procuramos aliviar com campanhas de solidariedade), tudo agravado por situações de intolerância e violência. O mundo necessita de uma cultura de paz. O Papa Francisco tem convocado a todos para rezarem no mutirão pelo fim da pandemia, e também pediu que rezássemos pela Paz.

Estamos no final do tempo da Páscoa, vivendo a experiência de Pentecostes. Queremos pedir esse Dom de Deus para que renove também agora a face da terra. Confiantes nas palavras de Jesus: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João 14.27), sonhamos, buscamos e trabalhamos na construção de tempos de paz, de liberdade, de educação de qualidade, de assistência à saúde de todos, habitação e transporte com dignidade.

A recente onda de violência nas nossas cidades leva-nos,como Pastores do Povo de Deus, a lembrar as Palavras do Papa São Paulo VI em sua Encíclica “Populorum Progressio (1967, 31): “Nunca se pode combater o mal à custa de uma desgraça maior”.Estas palavras, há tantas décadas escritas,exortam-nos a fazer ecoar a nossa voz em toda a região metropolitana: sejamos instrumentos de paz! Trabalhemos em favor da paz! A violência gera mais violência! O caminho da reconstrução obedece a um imperativo ético de enorme valor: “a violência não se combate jamais com outras violências!”.Tendo passado alguns dias de acontecimentos graves em nossas circunscrições eclesiásticas, queremos refletir sobre o momento atual e colaborar para dar passos concretos rumo a um futuro diferente.

No mundo atual, observa-se um crescimento considerável da violência, verbal e física, contra o ser humano. A comunicação veicula um conteúdo de muita violência, que contribui para uma cultura de morte.No Brasil e, concretamente, na região metropolitana do Rio de Janeiro, o povo das comunidades tem presenciado muitas cenas de violência, inclusive com vítimas, e nossas crianças, infelizmente, já se acostumam com um clima de crueldade ao redor. Há uma verdadeira “pandemia letal das armas”, causadora de muitas mortes, até mesmo de crianças e de pessoas inocentes. Porém, nos recorda o Papa Francisco, “a esperança é a virtude que nos coloca a caminho, dá asas para continuar, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis” (Dia Mundial da Paz, no dia 1º de janeiro de 2020).

Deste modo, a Igreja Católica na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, tendo à frente seus Bispos, manifesta sua solidariedade às famílias das numerosas vítimas. Ao mesmo tempo, se coloca à disposição para continuar oferecendo a sua colaboração às autoridades do nosso Estado e dos municípios de nossa região metropolitana, em locais que são atingidos por essa “pandemia das armas”, na busca de caminhos para colocar um ponto final a qualquer tipo de violência contra o nosso povo.A Igreja é “perita em humanidade”!Ela anuncia o Evangelho da Vida, que está no centro da mensagem de Jesus Cristo!

Na raiz da violência e da ganância contra o ser humano está a lógica da inveja e da vingança, inaceitável mesmo que a pessoa assassinada seja alguém que caminha no mal.O primeiro fratricídio da história, que foi a violência de Caim contra Abel, continua existindo em cada novo homicídio e feminicídio presentes nessas cidades metropolitanas.

Na mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, no dia 1º de janeiro de 2021, há um apelo aos governantes e demais autoridades públicas, para que utilizem na busca da justiça e da paz, “a bússola dos princípios sociais”, destacando entre eles o respeito mútuo pela Vida, a fraternidade e a solidariedade.

Tocam profundamente os corações do povo fluminense da Região Metropolitana, afetada pela violência nas suas comunidades pobres, as seguintes palavras dessa Mensagem de Paz:“Infelizmente, muitas regiões e comunidades já não se recordam dos tempos em que viviam em paz e segurança. Numerosas cidades tornaram-se um epicentro de insegurança: (…) Temos de parar e interrogar-nos: o que foi que levou a sentir o conflito como algo normal no mundo?”.

Neste próximo domingo de Pentecostes, 23 de maio, peçamos ao Espírito Santo para transformar os corações de todos,a fim de que trabalhem pela Paz e pela Justiça em nossos municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Vinde Espírito Santo e renovai a face da terra!

Nós, Pastores da Igreja Católica, convocamos os fiéis das Arquidioceses do Rio de Janeiro e de Niterói, e das Dioceses de Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Itaguaí, para abrirem seus corações aos frutos do Espírito: caridade, bondade, mansidão e Paz! No dia de Maria, Mãe da Igreja, a segunda-feira após Pentecostes, que neste ano será o dia 24 de maio, também dia de Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos, convocamos a todos para um mutirão de orações pela paz, sugerindo as “mil Ave Marias” como um grito uníssono aos céus para que derramem a Paz nos corações de todos. Propomos também, nos próximos meses, discutir esses assuntos com os vários segmentos de nossa sociedade, procurando encontrar caminhos de paz.

“Nunca está terminada a construção da paz social em um país, mas é uma tarefa que não dá tréguas e exige o compromisso de todos” (Papa Francisco, Encíclica “Fratelli tutti”, n. 232). Fazemos apelo aos fiéis católicos, e aos de outros credos religiosos, como também a cada cidadão de boa vontade, para que juntos sejamos construtores da cultura da Vida e da Fraternidade social, recordando como ênfase o tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”.

Pedindo o acolhimento maternal e a intercessão de Nossa Senhora da Conceição Aparecida e de São José, rezemos pelas vítimas da violência, pelo povo de nossa região, pelos governantes e autoridades responsáveis pela Justiça e Segurança social.

Que o Senhor dê tempos de Paz e bonança para todos, nos guarde na palma de sua mão e nos faça instrumentos de Sua Paz!

 

 

Região Metropolitana do Rio de Janeiro, 21 de maio de 2021.

 

 

Orani João Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro


Dom José Francisco Rezende Dias
Arcebispo Metropolitano de Niterói


Dom Gilson Andrade da Silva
Bispo Diocesano de Nova Iguaçu


Dom José Ubiratan Lopes, OFM.Cap.
Bispo Diocesano de Itaguaí


Dom Tarcisio Nascentes dos Santos
Bispo Diocesano de Duque de Caxias


Dom Antonio Augusto Dias Duarte
Bispo Auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro


Dom Célio da Silveira Calixto Filho
Bispo Auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro


Dom Joel Portella Amado
Bispo Auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro


Dom Juarez Delorto Secco
Bispo Auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro


Dom Paulo Alves Romão
Bispo Auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro


Dom Paulo Celso Dias do Nascimento
Bispo Auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro


Dom Roque Costa Souza
Bispo Auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro


Dom Zdzislaw Stanislaw Blaszczyk (Dom Tiago)
Bispo Auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro


Dom Luciano Bergamin, CRL
Bispo Emérito de Nova Iguaçu

 


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