Nota de solidariedade do Presidente do Regional Leste 1

agosto 20, 2019 / no comments

“O Senhor para nós é refúgio e vigor, sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia” (Sl 45,2).

 

Amados irmãos e irmãs,

 

Hoje, dia 20 de agosto, a manhã começou com um fato lamentável e triste, que impactou a todos os cidadãos de bem em sua maioria trabalhadores, com o sequestro, na ponte Rio-Niterói, do ônibus que partiu do município de São Gonçalo em direção ao Rio de Janeiro.

Queremos manifestar nossa comunhão e solidariedade com o sofrimento dos 37 passageiros que ficaram como reféns, bem como a nossa oração pelo descanso eterno do sequestrador.

Em momentos trágicos como esse, é importante buscarmos o refúgio em Deus pela oração e invocar sua misericórdia. Confiando no Deus misericordioso, que se abaixa diante da nossa miséria, pedimos a sua proteção nesses tempos difíceis de violência e também pedimos que nos ajude a ser testemunhas da paz, pois, a violência não é de Deus!

Temos consciência de que todos nós, autoridades e povo, somos responsáveis pela construção da paz! Os instrumentos da violência e da morte devem ser transformados em instrumentos de melhores condições de vida para todos. Por isso, proclamamos com Jesus: “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).

Nós cremos no Deus revelado por Jesus Cristo. Ele é o Deus da Vida e da Paz! Com palavras e gestos, Jesus anunciou o Reino de Deus, posicionou-se com firmeza diante de pessoas e estruturas marcadas pela violência e, por isso, sofreu a morte de cruz. Dando a sua vida livremente, denunciou tudo e todos que promovem a morte. Cremos que o Pai deu a Ele a vitória. E Ele, o Senhor da Paz, nos deu o dom maior de sua ressurreição: o Espírito Santo que gera vida nos corações e no mundo.

Vamos, então, nos voltar para Deus “para que Ele nos mostre seus caminhos, e possamos caminhar em suas veredas”.

Vamos em direção à luz de Deus! (cf. Is 2,1-5).

 

Com a minha bênção

+Dom José Francisco Rezende Dias

Arcebispo Metropolitano de Niterói

Presidente do Regional Leste 1 – CNBB

Cultura urbana e evangelização – Artigo de Dom Gilson Andrade da Silva

agosto 17, 2019 / no comments

Na 57ª Assembleia dos Bispos do Brasil, em maio passado, foram aprovadas as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o quadriênio 2019 a 2023. Trata-se de identificar elementos de um processo para responder aos desafios da missão dos cristãos nesta hora da história, de modo a incidir positivamente nas circunstâncias atuais. Afinal, o Evangelho, ao propor uma nova relação com Deus, a de filhos e filhas, e dos homens entre si como irmãos, oferece às diversas culturas valores que dignificam a pessoa humana e a elevam a uma maior humanização. Um Deus próximo que aproxima as pessoas umas das outras.

“Evangelizar no Brasil cada vez mais urbano”, é um dos objetivos das Diretrizes. De fato, nos damos conta de um giro cultural em ação nas últimas décadas. Alguns chegam até mesmo a falar de uma nova era da história da humanidade. Esta nova configuração cultural tem na realidade “urbana” uma expressão bem característica. Há elementos culturais que pouco a pouco configuram uma nova maneira de se colocar diante da vida que afeta profundamente o relacionamento com as coisas e também entre as pessoas.

Quando se fala de urbano, na reflexão feita pelos bispos nas Diretrizes, refere-se não simplesmente à tendência que vai se generalizando das pessoas viverem nos grandes centros, mas tem a ver com fato de que “o estilo de vida e a mentalidade dos ambientes citadinos se expandem sempre mais, alcançando rincões mais distantes, com todas as consequências – humanas, éticas, sociais, tecnológicas e ambientais entre outras” (n. 28). Lembro-me sempre de um amigo padre, de uma cidadezinha do interior da Bahia, que me dizia certa vez em uma conversa numa rede social: “na minha cidade não tem água encanada, mas não falta internet”. Constatar isso ilustra o impacto que novos conhecimentos e novas relações têm na atual cultura.

As Diretrizes procuram entrar em diálogo com realidades presentes na cultura urbana, mostrando as sombras, mas também projetando luzes sobre elementos que a caracterizam como a individualidade, a pluralidade, o ambiente religioso urbano, a alta mobilidade, a pobreza, a crise de vida e de sentido, o desafio ambiental e o impacto dessas realidades sobre as gerações mais jovens.

Diante disso, constata-se a atualidade do que dizia São Paulo VI em 1975, na Exortação Apostólica sobre a Evangelização no mundo contemporâneo: “para a Igreja não se trata tanto de pregar o Evangelho a espaços geográficos cada vez mais vastos ou populações maiores em dimensões de massa, mas de chegar a atingir e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação” (n. 19).

Para enfrentar esta missão, os bispos lembram a atualidade do anúncio da pessoa de Jesus Cristo, um anúncio explícito, mas que vai sempre vinculado com a experiência comunitária da vivência da fé em comunidades eclesiais missionárias, lugar onde a fé se torna próxima das pessoas, como em sua casa, e o testemunho encontra força para atrair as pessoas ao amor de Cristo que se manifesta no amor entre os irmãos.