Dom Evaristo: “o Sínodo para a Amazônia será momento de mostrar de que lado a Igreja está”

fevereiro 24, 2019 / no comments

“Nós sabemos que a terra é de Deus, um dom sagrado. Os povos tradicionais da Amazônia assim a tratam, assim a preservam, mas a vida está sendo atacada em função do comercio, da economia”, analisa o bispo da prelazia de Marajó (PA), dom Evaristo Pascoal Spengler. Durante o encontro de teólogos e teólogas promovido pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil) e a rede Igrejas e Mineração, em Brasília, entre os dias 27 e 30 de janeiro, o bispo destacou o Sínodo Especial sobre a Amazônia convocado pelo papa Francisco como ocasião para valorizar esta relação dos povos com a criação.

“O sínodo da Amazônia é momento de mostrar de que lado a Igreja está: do lado da vida, dos mais fracos, dos mais pobres, dos povos indígenas, dos ribeirinhos, dos quilombolas. Essa é a missão que Jesus nos mostra a partir do seu Evangelho. Jesus pisa nas estradas, nos caminhos da Palestina, e a Igreja quer, como Jesus, também ser essa presença viva de Deus no meio dessa grande Amazônia dizendo ‘aqui há vida, porque Deus está presente na vida desse povo’”, afirmou.

Essa relação de respeito e cuidado com a terra, reconhecendo que é dom de Deus e também a “Mãe Terra” – como o papa Francisco ressalta na encíclica “Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum” – é encontrada nas vozes amazônicas que sobressaíram nas escutas sinodais realizadas ao longo de 2018, dentro do processo de preparação para o Sínodo, marcado para outubro deste ano.

“Muitas comunidades de toda a Amazônia se empenharam para fazer a escuta do sínodo e agora a Repam está tentando articular, num aprofundamento teológico, toda essa contribuição que veio das comunidades, paróquias, dioceses, prelazias”, explica dom Evaristo.

De acordo com a Repam, foram mais 70 atividades de escuta para o Sínodo, somente no Brasil, entre rodas de conversas, seminários e assembleias territoriais. “O povo teve uma contribuição belíssima e a função dos teólogos agora foi dar um embasamento teológico, bíblico a todas essas propostas que chegarão às mãos dos bispos e finalmente será formado o Instrumentum Laboris para o sínodo”, comenta dom Evaristo ao destacar a importância do encontro que reuniu 18 teólogos e teólogas na sede das Pontifícias Obras Missionárias, em Brasília.

As reflexões do encontro subsidiarão os peritos que vão participar do encontro pré-sinodal, em Roma, quando será elaborado o Instrumentum Laboris, que é o texto de trabalho que os bispos irão utilizar durante a assembleia sinodal. A assembleia especial do Sínodo dos Bispos deste ano irá tratar do tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

São Martinho abre ano jubilar com peregrinação à imagem de “Jesus sem-teto”

fevereiro 24, 2019 / no comments

A Associação Beneficente São Martinho (SM) abriu oficialmente os trabalhos de 2019 no dia 15 de fevereiro, com a visita peregrina de colaboradores e beneficiários à imagem do “Jesus sem-teto” na Catedral de São Sebastião. Este ano a instituição celebra 35 anos de fundação e esta primeira atividade teve um significado muito especial, conforme explicou Frei Adailson Santos, O.Carm., diretor geral da SM: reassumir a missão para com os mais vulneráveis da sociedade.

“A São Martinho assume e reassume aqui a sua missão para com os mais vulneráveis da sociedade. Com esse encontro de oração e espiritualidade pedimos ao Senhor força e energia para continuar a nossa luta e a nossa missão. Aonde existir um grito, a São Martinho está lá através de seus colaboradores para ouvir, acolher e ser instrumento de transformação da vida daqueles que clamam. A São Martinho é o ouvido e a voz de Deus para responder a esses apelos. E só os poderemos responder se estivermos atentos a esses clamores”, frisou.

Diante da escultura de “Jesus sem-teto”, Frei Adailson fez um breve momento de reflexão e oração. Convidou as crianças, adolescentes e jovens beneficiários a contemplarem a obra de arte e a rezarem por todos os que sofrem por não ter moradia na cidade do Rio de Janeiro e por todos os excluídos da sociedade.

“Nós fazemos essa caminhada, de peregrinos, pedindo a Deus para que Ele nos conceda a graça do discernimento, da sabedoria, de poder responder a esses gritos que ecoam diariamente”, afirmou o religioso carmelita, que também lembrou as vítimas de tragédias recentes no Rio de Janeiro e pediu a oração por todos os que sofrem. “Esta imagem do Cristo, pobre, sem-teto, representa Jesus que vem ao encontro dos nossos irmãos e irmãs que vivem em situação de rua. E é em comunhão com todas essas realidades que nós queremos rezar, pois somos solidários a todas elas também”, disse.

Ele finalizou sua reflexão com uma palavra de esperança:

“O senhor diz para nós: não desanimem. Não estamos aqui para contemplar a tristeza, mas sim contemplar a esperança: esperança de dias melhores para os nossos jovens”.

Em seguida, os participantes fizeram uma visita guiada no interior da Catedral e no Museu de Arte Sacra. A manhã foi encerrada com a celebração da Santa Missa, na Capela do Santíssimo. Estiveram presentes cerca de 100 pessoas.

Durante a homilia, o diretor da Associação Beneficente São Martinho conclamou todos os colaboradores que atuam na instituição a prosseguirem na missão:

“O Reino que Deus desejou para o ser humano é um reino de justiça, onde todos têm o seu lugar. Dentro da Associação Beneficente São Martinho todos têm o seu lugar, e o seu lugar é de vida e vida em abundância. Queremos traduzir ainda mais o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo através de nossas ações. Que nós possamos aprender com Jesus a sermos cada vez mais homens e mulheres que abraçam as realidades do Reino que estão postas à nossa frente. Cabe a cada um de nós, como discípulos e discípulas, missionários e missionárias de Cristo, construir um mundo onde as crianças possam sonhar, onde elas possam viver com expectativas de felicidade e alegria. Que o senhor nos ajude”.

Foto de capa: Wellington John