Retiro marca os dois primeiros dias da Assembleia dos Bispos em Aparecida (SP)

abril 12, 2024 / no comments

Retiro marca os dois primeiros dias da Assembleia dos Bispos em Aparecida (SP)

Os dois primeiros dias da 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sediada em Aparecida, SP, teve início com um retiro espiritual dirigido pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin. Nestes exercícios espirituais, o cardeal Parolin trouxe à reflexão temas fundamentais da Igreja, lembrando uma declaração do Papa Francisco durante sua visita ao Brasil em 2013, destacando o empenho dos bispos e o compromisso com as regiões mais desafiadoras do país.

Em sua primeira fala, dom Parolin abordou a importância da sinodalidade, um tema amplamente discutido na Igreja desde 2019, e apresentou as três diretrizes propostas pelo Papa Francisco: comunhão, participação e missão. Segundo o purpurado, estas diretrizes representam a essência mais profunda da Igreja e refletem sua origem transcendente.

Comunhão: Fortalecendo os Vínculos na Igreja

Na primeira parte do retiro, dom Parolin refletiu sobre a comunhão como o primeiro raio de luz que resplandece no rosto da Igreja, citando o documento conciliar Lumen Gentium. Ele destacou a importância de fortalecer os laços de comunhão por meio da oração, da escuta da Palavra e do trabalho conjunto, enfatizando a necessidade de reconhecer a diversidade como uma riqueza e evitar rivalidades.

Participação: Construindo Juntos a Casa de Deus

Dom Gilson Andrade, presidente do Regional Leste 1, presidiu a oração da Hora Média durante o Retiro dos Bispos.

Em sua segunda reflexão, o cardeal abordou a participação como uma construção conjunta, comparando a Igreja a uma “casa de Deus” em constante crescimento. Dom Parolin ressaltou a importância de cada membro da comunidade desempenhar seu papel na construção da Igreja, enfatizando a necessidade de humildade, colaboração e paciência.

Celebração Penitencial: Renovando o Compromisso Batismal

Durante uma celebração penitencial, os bispos puderam refletir sobre a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, reafirmando seu compromisso batismal de nutrir esperança, fé e caridade para vivenciar a fraternidade evangélica.

Missão: Iluminando o Caminho da Igreja

Na última parte do retiro, o cardeal destacou a missão como um raio de luz que emana de Cristo e guia a Igreja em seu caminho de fé e serviço. Ele enfatizou a importância de viver a missão como um esforço conjunto, centrado no mistério de Deus e na imersão nos acontecimentos do povo.

Ao concluir o retiro, dom Parolin enfatizou o desafio dos cristãos de caminharem juntos em direção à vida eterna em Deus, expressando o desejo de que a luz divina continue a iluminar o caminho sinodal da Igreja em sua busca pela participação, comunhão e missão.

A 61ª Assembleia Geral da CNBB promete ser um momento de profunda reflexão e renovação espiritual para os bispos presentes, inspirados pelas palavras e orientações do cardeal Parolin.

Pelo Papel das mulheres: Vídeo do Papa de abril

abril 5, 2024 / no comments

Pelo Papel das mulheres: Vídeo do Papa de abril

O Papa Francisco volta a dedicar sua intenção de oração mensal às mulheres. Em O Vídeo do Papa de abril, confiado à Rede Mundial de Oração do Papa, o Santo Padre insiste nos passos que a sociedade atual deve dar e pede aos cristãos que se unam a ele em oração “para que a dignidade e a riqueza das mulheres sejam reconhecidas em todas as culturas, e para que cesse a discriminação que sofrem em diversas partes do mundo”.

A denúncia de Francisco

Uma mulher asiática com lágrimas nos olhos, outra atrás de uma grade com o olhar triste, um grupo de vítimas de abusos, expulsas de seus povoados, uma fila de adolescentes à espera de uma mutilação genital: o Vídeo que acompanha a intenção de oração do Papa Francisco se abre com imagens fortes, em sintonia com a sentida denúncia do Papa. Sua mensagem recorda a grande distância entre as declarações de princípio e a realidade dos fatos (“Nas palavras, todos estamos de acordo que o homem e a mulher têm a mesma dignidade enquanto pessoas. Mas na prática, isso não acontece”).

É o próprio Papa quem dá exemplos concretos, citando “leis discriminatórias” atualmente em vigor: a obrigação de vestir de uma determinada maneira; os obstáculos para continuar os estudos; a negação de subsídios para abrir uma atividade de trabalho. E recorda que “em muitos países, ainda hoje se praticam mutilações genitais”. Por isso, pede aos governos que “se comprometam a eliminar” esta discriminação e “trabalhem para garantir os direitos fundamentais das mulheres”; e nos pede a todos que respeitemos as mulheres, que infelizmente continuam a ser tratadas “como material de descarte” em muitas partes do mundo e que, frequentemente, inclusive em países que se dizem mais avançados, são vítimas de violência e de abusos. “E se não o fizermos”, acrescenta, “a nossa sociedade não avançará”.

No mundo atual, infelizmente, não faltam as contradições. Mesmo que em alguns países, as mulheres tenham acesso à educação e às ofertas de trabalho e ocupem posições de liderança em empresas e organizações, muitas ainda não desfrutam das mesmas oportunidades que os homens. Basta pensar no mercado de trabalho: menos de uma, de cada duas mulheres no mundo, trabalha, e as mulheres ganham 23% menos que os homens. O mesmo acontece com a educação, se levamos em conta que em alguns países as mulheres adultas que sabem ler e escrever são minoria: por exemplo, no Afeganistão são 23%, no Níger, 27%. E menos oportunidades se traduzem em enormes dificuldades econômicas: segundo a ONU Mulheres, estima-se que para 2030, 8% das mulheres e meninas viverão em extrema pobreza, enquanto 25% das mulheres não terão comida suficiente.

Homem e mulher, uma mesma dignidade

O respeito pela dignidade de todas as pessoas é um tema central no cristianismo. Pois a vida de cada pessoa é sagrada, por ser criada à imagem de Deus (cf. Livro do Gênesis 1, 26-27).

O tema sobre o papel das mulheres ressoou também na síntese da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos realizada em outubro do ano passado. “Fomos criados homem e mulher, à imagem e semelhança de Deus. Desde o princípio, a criação articula unidade e diferença, dando ao homem e à mulher uma natureza, uma vocação e um destino partilhados e duas experiências distintas do humano. Durante a Assembleia, experimentamos a beleza da reciprocidade entre mulheres e homens. Juntos, lançamos o apelo das precedentes fases do processo sinodal, e pedimos à Igreja o crescimento de seu empenho em compreender e acompanhar as mulheres, do ponto de vista pastoral e sacramental”, manifestaram os participantes do Sínodo, no documento final.

Heroínas de todos os tempos

O Padre Frédéric Fornos S.J., Diretor Internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, recorda que “desde o começo, Jesus acolheu a mulheres como discípulas, o que era uma novidade na sociedade daquele tempo. Maria, a Mãe de Jesus, teve um lugar de destaque entre os Apóstolos e na comunidade primitiva, como relatam os evangelhos. A uma mulher, Maria Madalena, Jesus confiou a missão de anunciar sua ressurreição a seus irmãos. Ao longo da história, as mulheres trouxeram um verdadeiro dinamismo espiritual à Igreja: Teresa de Ávila, Catarina de Sena, Teresa de Lisieux, reconhecidas como ‘doutoras da Igreja’, e uma infinidade de santas. Tendo em conta que o Papa nos chama neste mês a rezar “para que a dignidade e a riqueza das mulheres sejam reconhecidas em todas as culturas, e para que cesse a discriminação que sofrem em diversas partes do mundo”, continuemos também a reconhecer o papel das mulheres dentro da Igreja. Uma constatação importante: sem a participação ativa das mulheres, a comunidade cristã, caso fosse uma empresa, estaria quebrada”.

Assista o vídeo na íntegra: